quarta-feira, 22 de abril de 2009

O que vai ser, chefia?

O atendimento em São Paulo é sensacional. Isto é postulado por todo mundo que conhece aqui. Em todos os lugares - seja no Brasil ou fora dele - que eu conheci, nenhum se equipara ao da terra da garoa. Os garçons só faltam chorar de emoção pela sua presença. Fazem de tudo pra te agradar e nem ganham gorjeta por isso. Ah, só os tais 10%, mas até aí todo mundo ganha.

Uma coisa que me tira do sério é ser mal atendido. Eu sei que é desejo individualista de paulistano mal acostumado ("você me deixooooou mal acostumadooo, com o seu amorrrrrrr") ser bem atendido. Mas acontece que eu acho MESMO que, a partir do momento que eu tô pagando por aquela merda, eu tenho que ser, no mínimo, bem atendido. Antigamente eu ficava com pena das pessoas, e pensava que elas podiam estar tendo um dia difícil, ou que alguém a tenha destratado há pouco. Mas depois de trabalhar diretamente com atendimento nas terras de Titio Sam, percebi que realmente o cliente tá CAGANDO pros seus problemas, e ele tem razão. Porra, não é uma sessão de psicanálise sabe, é um atendimento ao cliente. Se você tá com problemas, se foi destratado, compra um joão-bobo e fica lá batendo nele nos fundos da empresa até se acalmar.

E olha que só eu sei quanto fui destratado nessa vida por americanos-eu-sou-conhecedor-dos-meus-direitos-e-não-vou-me-submeter-às-bobagens-que-um-terceiro-mundista-está-me-impondo. Teve uma vaca de uma velha (sempre as velhas, reparou?) que foi tão estúpida comigo, mas tããão estúpida comigo que a cliente que estava sendo atendida do lado dela por outra pessoa começou a discutir com aquele diabo, me defendendo por entender que era muita grosseria o que estava presenciando. E eu estava tentando AJUDAR aquele animal. Pensa que eu perdi a pose? Não senhor! Respirei fundo e chamei "Nexttt!" da fila com um sorriso no rosto. Tava com batedeira no coração, confesso. Mas num pode meu, o infeliz que vem depois num tem absolutamente nada a ver com a besta anterior! É como chutar o seu cachorro porque um na rua te mordeu! Ou como xingar a vizinha da esquerda porque a da direita te tacou um ovo no muro. Ou como reclamar do vizinho de cima porque você é mal comido.

Eu sei que uma vez estava lá quietinho na recepção do Resort brincando com o grampeador de papel. Niquiqui chega uma mulher pra me perguntar uma coisa, eu GRAMPEEI MEU DEDO. Sei lá como e nem porque, num me pergunte. Se eu soubesse não tinha grampeado. Apertei o grampeador e meu dedo tava embaixo, por coincidência divina! Gente, juro. Foi um dos meus maiores testes de atendimento ao cliente da vida. A mulher olhando pra minha cara e eu sorrindo pra ela. Aí ela viu o sangue escorrer pela minha mão e falou: Vai lá ver isso menino! Só assim eu fui! Tava atendendo a mulher com o dedo grampeado! Duvido que esse povo que atende mal já tenha atendido mal por um caso tão extremo!

É também uma das da série "Odeio". ODEIO ser mal atendido e ponto final. Fecha a conta, vai Mestre!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A vez que o cinema virou um culto...

Logo que lançou o filme "A Paixão de Cristo" do Mel Gibson, decidi que iria vê-lo no cinema. Por mais que contrarie o nome do Blog, eu sou uma pessoa que tem uma uma certa espiritualidade e religiosidade, acredito em tudo isto, etc. Fui inocentemente ao cinema de minha cidade do interior que estava com a película na grade (de um filme por semana).

Particularmente sou uma pessoa BEM CHATA pra assistir um filme. Adoro ir ao cinema sozinho, pois dispenso fácil companhias falantes. Se é pra ir comigo é pra ir em silêncio. Num rola papo no cinema. Se quiser papear a gente vai pra um barzinho, toma uma cerveja e papeia até dar cãimbra na língua (eu já tive, juro). No cinema é pra entrar, sentar, e ficar calado até que as luzes se acendam novamente.

Logo que cheguei me deparei com o cinema LO-TA-DO. Tanto que sentei naquelas cadeiras-ninguém-gostaria-de-sentar-mas-senta-porque-é-a-única-que-sobrou-e-eu-já-paguei-ingreso-então-foda-se. Láááááá na frente, torcicolante. Antes do filme iniciar eu comia minhas pipoquinhas, sem ter percebido que a Igreja Universal marcou o culto LÁ NO CINEMA naquele dia. Meeeeeu. Nada contra, mas todos sabemos da ênfase dos evangélicos, que não é muito o que as pessoas gostariam de ter no mero cineminha que você pretendia pegar. Eu sei que logo que a luz baixou, sobe o Pastor no palquinho mínimo que tem na frente e começa:

(Com as mãos apertadas uma contra a outra e abrindo sempre no final de palavra)"Irmãos! Estamos todos aqui hoooooje para assistir uma obra prima que retrata os últimos momentos do Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra. Quero que assistam com muita atenção, o coração aberto para a mensagem que querem nos passar, e depois teremos uma discussão sobre ele."

Já dei aquela grudada na cadeira entre gritos de "Aleluia" e "Glória a Deus".

Começou o filme. Virava e mexia alguém soltava um enfático ALELUUUUUUUUIA! Cara, tomei CADA SUSTO! Uma tiazinha que tava do meu lado chorou tanto que eu pensei que a ambulância ia vir buscá-la no final da sessão por desidratação. E não é aquele choro contido, não. Aquele choro de soluçar acompanhado de resmungos altos. Olha, ficou difícil de concentrar no filme, viu.

A hora que terminou, a platéia, em êxtase, se levantou e bateu palmas gritando coisas. Lá foi o homem de novo pro palquinho pra dar o start na tal "discussão" que ele tinha mencionado antes do filme começar - que eu achei que fosse rolar na Igreja, quando voltassem. Por não fazer parte daquilo e ser um simples espectador do filme de Mel, me levantei pra sair. O Pastor deu um berro:

- Todo mundoooooooo que levantou pra ir embora!!!!

Engoli. Parei. Olhei de canto de olho tipo..."Vai, termina a frase".

- Não deixem o INIMIGO TOMAR CONTA! Voltem JÁ para seus lugares pra escutar a palavra de Deuuuuus!!!!!! Vocês renegam a Jesus em suas vidas???????? Então fiquem mais um pouco!!!

Pensei. Bom, pelo menos por respeito eu acho que devia ficar. Idiota né. Maior falta de respeito foi a dele de me mandar ficar sob a ameaça de que eu num admire nosso Senhor! Sabe...Vai tomar lá (nesse post quase santo, não poso usar palavrões). Eu que sei. E o inimigo vai tomar conta da...enfim. Voltei e sentei pra ouvir.

-Lembreeeeeeeeeemos meus irmããããos todos os dias de que ELE morreu na cruz por nós!

E por aí foi por um tempo interminável. Ainda tomei mais uns sustos com uns ALELUIAS E GRÓRIA A DEUS. Passado UMA HORA eu resolvi que o inimigo ia tomar conta de mim se eu continuasse lá. Aí sim eles iam ver o que que é o inimigo. É de carne e osso - mais carne do que osso, no meu caso. Levantei e ouvi um sonoro:

-Fiquem MAIS UM POUCOOO! A palavra de Deussss "bla bla bla Whiskas Sachê".

Levantei convicto de que 1 hora de palavras de Deus - do Deus deles e não do meu - era mais que suficiente. Saí andando, dei uma olhada pro Pastor com cara-de-to-indo-embora-mesmo e fui. Ainda ouvi uns resmungos dele que não dei muita atenção.

Cara. Disso eu tirei uma GRANDE lição: Quando você for assistir a qualquer filme que tenha um cunho religioso no fundo, cheque antes a programação da Igreja Quadrangular do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo de Nazaré. Acredite, cine-culto é uma experiência I-NES-QUE-CÍ-VEL. Se é que você me entende...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sobre a Modernidade...

Textículo do meu outro Blog que pode ter a ver com esse. Ou não. Foda-se.
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A ocorrência que levou ao boletim não importa. Foi estúpida demais para que fosse gerado um boletim, inclusive. A questão subsequente foi o registro do B.O.
Boletim de Ocorrência me remete a algo tão poético! Imagino, antes de tudo, aquela delegacia um pouco escura....ou com um poste de luz piscante na frente. Daí você entra. Logo na porta tem um policial meio gordo, coçando a barriga, com cara de poucos amigos. Uma televisão pequena, ligada na Record, muito chiada e com o som distorcido. Depois de você falar um pouco com as paredes, ele olha pra sua cara e diz:

-"O que é que cê precisa?"
-"Fazer um B.O."
-"Primeira porta à esquerda. Preenche a ficha e aguarda pra entregar pro companheiro que está lá agora."

Então você segue num corredor meio úmido. Ouve uns gritos de mulher de malandro numa sala entre repartições de madeira com vidro esfumaçado. Entra na sala, encontra um ventilador funcionando em baixíssima rotação, uma mesa meio estragada e um cara sentado com um cigarro na boca. Ele olha para você com a cara mais blasé que já inventaram e diz:

- Pois não, doutor!
- É aqui que eu pego o formulário pra fazer o B.O.?
- Senta aí e explica que que aconteceu - Puxando o fio da Máquina de Datilografar Elétrica e mirando a tomada sobre as lentes dos óculos de enxergar de perto.
- Então, é que...

Pára, Pára, Pára! Isto é o que se imagina! Isto é como era. Foi. Passado! Agora existe Boletim de Ocorrência On-Line! Sim senhor! Pasmem! Onde estará o glamour decadente da delegacia?

Fato: Adiantou, e muito, a minha vida. Não precisei mover milimetricamente as nádegas do computador para registrar a queixa. Mas sentirei falta deste tal glamour decadente. Não se fazem mais ocorrências como antigamente!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Timão, ê, ô - UPDATE

Ceni fratura tornozelo, será operado e só volta no segundo semestre


Rogério Ceni não disputa mais a edição de 2009 da Copa Libertadores. Nesta segunda-feira, o goleiro são-paulino fraturou o tornozelo esquerdo durante treino no CCT da Barra Funda e deixou o campo gritando de dor. Ele será submetido a uma cirurgia ainda nesta segunda-feira e ficará longe dos gramados durante quatro meses.

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Não sei porque isso tá me cheirando arrego. Bem ou mal, tá FO-RA! Bora timãããão!

PS: Gente. O exu futebolístico e tomou de uma forma esses tempos que nem to parecendo eu mesmo. DOIS posts sobre futiba. Salve-me, Senhor!

domingo, 12 de abril de 2009

Timão, ê, ô!

Gente. Eu sou o Corinthiano mais fajuto e involuntário que eu conheço. Eu odeio futebol. Por mim poderiam todos ficar pernetas que não mudaria minha vida em NA-DA. Aliás, acho que até ficaria feliz, porque assim não seria obrigado a assistir de vez em nunca jogos de futebol. Nunca pisei em um estádio, e nem por isso me sinto menos brasileiro - estou deixando meu debut para 2014.

Mas neste domingo de Páscoa, virei curinthiano daqueles de dar orgulho ao Pavilhão 9. Sabe aqueles tiozões que sentam em frente à TV com uma cerveja gelada, amendoim, meia dúzia de amigos curinthianu da rua e usa a camisa do Marcelinho Carioca de patrocínio da Kalunga? Pois é. Foi bem isso mesmo. Xinguei do juiz ao Cléber Machado.

Quando levamos o primeiro já imaginei que fosse meu eterno pé frio. Quase desisti. Aquele empate que perdurou até fim também era uma espécie de azar, afinal jogávamos no Pacaembu, que, teimem à vontade, é o NOSSO ESTÁDIO.

Mas aos 48 do segundo tempo o rapaz lá (querer que eu saiba o nome já é demais) me faz um gol de abraçar inimigo pra comemorar. Caraaaaa! Foi de cair o cu da bunda de emoção.

Não que eu esteja amando futebol, jamais. Mas essa semi contra o São Paulo eu vou TER QUE assistir né. Pra conferir o resultado dessa coisa toda agora. É como assistir o programa da Márcia Goldshmidt a tarde toda pra saber o segredo do cara e não assistir o final. Reavivei o curinthianu morto em mim. A não ser que o Timão perca. Daí eu volto a ser um apático.

Mas isso é só semana que vem! Por enquanto vou zoar MUITO são-paulino por aí!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ei, Mallu, vai colher Caqui!




Gente. Eu tô por aqui com a Mallu Magalhães. Se eu encontro essa menina de novo (sim, já cruzei com ela no aeroporto) na rua arrebento com ela! E conto o porquê!

Comprei meu celular Vivo há pouco, depois da perda do QUINTO APARELHO NA MINHA VIDA (é um dom divino...). Eu sei que a Vivo agora tá de conchavo com essa aí, e vem o CD dela no celular já pra você ouvir. Nem tinha nada contra ela, mas acontece que, dentre as músicas que eu coloquei no meu celular e eu gosto, precisava escolher uma pra me servir de despertador. Porra, não quero começar a odiar ouvir o Jorge Ben, sabe? Porque é fato: Música/som/grunhido que te acorda, quando escutado aforante aquele momento (não que naquele momento seja agradável, mas...) é DE ARREPIAR OS PELOS ATÉ...da Mallu.

Então escolhi "Tchubaruba" como sendo a música que ia me acordar diariamente. Num to podendo mais. Niquiqui aquele violãozinho começa a tocar, eu tenho vontade de sair dando mortais de costas de raiva. Agora tô num dilema: Mudo a música, diminuo meu ódio temporariamente e passo a odiar alguém que eu goste de verdade, ou aproveito que eu CAGUEI pra ela e aguento o ódio matutino que essa garota me dá?

Bom, por enquanto fica assim. Já tô no meu limite. Sem Jô Soares há meses, já tá foda viu.

Mas se eu cruzo essa menina na rua...tá perdida! Keep your eyes open, Mallu Magalhães!!!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Alô?

Quem NUNCA ficou pendurado no telefone com vontade de voar no pescoço de um atendente de telemarketing, que atire a primeira pedra. Me arrisco assim porque sei que não vem nenhuma!

Todo mundo sabe que eles não tem culpa e blá, mas é aquele indivíduo que está falando com você. Como você pode transferir a raiva de uma pessoa falante ao sistema capitalista opressor e enganador de pobres consumidores que exigem seus direitos? Sangue de barata, ativar né?

Como um bom ser humano, eu SEMPRE fiquei puto a ponto de explodir. Porque é um sem fim! E não existe NENHUMA garantia de que o seu problema "estará sendo" solucionado. Teve um cara de Stand-Up (que eu acho meio forçadinho, ele grita um pouco demais...mas mandou bem nessa!) que sintetizou em um único vídeo TODOS os dissabores possíveis de se sofrer com um atendente de telemarketing:



Bom. Eu resolvi tirar uma com a cara de um certo atendente...Mas acho que ele não curtiu muito. Mas a piada foi MUITO MAIS FORTE QUE EU.



Fiquei com medo da supervisão. Tudo bem que quando você precisa deles, eles nunca estão, mas fiquei com medo.

Mas minha maior vingança foi outro dia. Minha situação não tinha solução, eu mandei com todas as letras: VAI TOMAR NO MEIO DO OLHO DO SEU CÚ! E desliguei. Gente, é terapêutico. Tentem em casa. Quando a situação se agravar muito, manda mesmo. Com essa eu economizei MUITA terapia, testes cardíacos, baba, e tremedeiras.

Telemarketing. Desculpa. Vocês são os heróis da comunicação cliente-empresa. Parabéns (Até eu precisar falar com vocês. Aproveitem minha bondade, porque não é sempre. MESMO! Pergunta pra Ana Carolina da NET! Eu posso ser MUITO baixo. Mas por enquanto eu encerro o Post em clima de paz.)

=)

domingo, 5 de abril de 2009

A gente se fode mas se diverte...

Relembrei uma história de um momento da minha vida esses dias e acho que cabe bem contar por aqui...

Por 6 meses eu morei no cu do mundo. Aliás, o cu do mundo é quente pra caralho! Sim, meus amigos. Depois vim a descobrir que foi uma das experiências mais importantes da minha vida, mas quando tudo começou eu não sabia disso. Morei em Rosana, extremo Oeste do Estado de São Paulo. Basicamente é a última cidade do biquinho do estado. Onde Judas perdeu a vergonha (porque se perdeu as botas muuuuito antes de lá, chegou seminu já). Fui estudar, porque passei no vestibular, e simplesmente fui, assim sem pensar.

O fato é que tão distinta autarquia dista 700 quilômetros (agradecimento ao Google Maps) da cidade onde morava até então, no interior do estado. Tudo bem, se você vai de carro, são NOVE horas de extrema unção. E sim, isto não é necessariamente um problema, por mais que pareça. O problema MESMO é quando se vai de ônibus. São DEZESSETE HORAS de lamúria e MUITA chateação, entre paradas em rodoviárias-chiqueiros e microparadinhas na estrada pra apanhar andarilhos. Bom, pra começar que a única companhia que faz este trecho (óbviamente que não é direto) é uma companhia de viação de quinta, que não vou citar o nome aqui por razões éticas. Mas se pintar um ônibus da Andorinha na sua frente, foge. Aliás dizem que "uma andorinha só não faz verão". Pena. Porque se tivesse uma só eu dava-lhe uma estilingada e evitaria palpitações cardíacas posteriores. Na comunidade do Orkut "Eu odeio a Andorinha", tem histórias de pessoas que viajaram com um porco andando pelo ônibus, de apreensão do busão inteiro por tráfico de drogas, de gente que viajou em banco mijado, de gente que viu as malas voando pela estrada, e de gente que teve que EMPURRAR O BUSÃO na estrada pra pegar no tranco. Daí vocês vejam que nada do que será dito a seguir é uma hipérbole.

Dentre as 4 vezes que eu fui-voltei pra casa, uma delas foi extremamente peculiar. Logo de cara me sobrou a poltrona do canto, que eu detesto. Prefiro viajar de pé do que sentar no canto (janela, como queiram). Sei lá, me dá um momento-quero-fugir-e-não-tenho-como e num passo muito bem, não. Mas como sobrou só aquela, então mifu mesmo. Eis que senta uma gorda, daquelas de dar orgulho ao dono do KFC. Aquelas que salvam o expediente do dono da pastelaria! Sua bunda já ultrapassava o delimitador de espaços, confrontando diretamente com a minha, que já não é exatamente pequena. A primeira atitude que digníssima senhora toma é tirar os sapatinhos e por os pés pra cima. Gente, juro. Pensa em um sapatinho de velha gorda. Gorgonzola com fandango é o que mais se aproxima de tão cruel realidade que me aguardava naquele momento. Ela ainda deu um sorrisinho - porque CERTAMENTE NÃO SENTE MAIS AQUELE FEDOR - e disse: "É por causa daS varize!", prenunciando o que viria à seguir: Muita falação e um genocídio à língua portuguesa. Depois, para completar, ainda peidava e roncava. Gente, sem exagero agora. Eu ACORDAVA com o cheiro dos peidos dela. Quer dizer, né. Dá pra piorar? Dá!

Anteriormente àquela viagem, a Andorinha deixava copinhos de água na "geladeira" do ônibus para os pobres passageiros. Esse geladeira entre aspas refere-se à temperatura que a água atingia não se relacionar em nada com a pretendida por um equipamento refrigerador. Aí algum energúmeno teve a GENIAL idéia de colocar dentro do ônibus um galão de água de 20 litros, provavelmente para mostrar sua pró-atividade para a diretoria da companhia em descobrir formas simples de economizar nas viagens. Mas aquele infeliz esqueceu-se que moramos no Brasil, e que nossas estradas NÃO SÃO BOAS. Tem mais buraco que o metrô de São Paulo, porra! Eu sei que depois de Marília, começa um saculejamento tão grande, que iniciou-se um processo de acontecimentos caóticos para completar a minha noite. Manja aqueles negócios que tem no ônibus que ficam o ar-condicionado e as luzes (que no caso não acondicionavam o ar e nem acendiam)? Pois é, amigos. Aquela merda INTEIRA caiu na minha testa, enquanto eu dormia. Foi uma porrada bem no meio da minha cara, e ficou pendurada pelos fios que deveriam contribuir para o funcionamento desta joça. Puto, encaixei aquilo de novo em seu lugar, que logo caiu de novo e bateu mais forte que da primeira vez. Não dava pra arrancar fora e jogar, não dava pra grudar de volta, não tinha um lugar vago no ônibus. Agora vejam meu azar. Isto deveria ter acontecido com a velha gorda, porque eu troquei de lugar com ela, justifiquei claustrofobia e ela trocou de bom grado comigo. Mas a desgraçada dormia tão pesado, que não ia dar pra eu pedir pra ela voltar pro lugar original. Tentei dormir com aquele treco batendo na minha cara pendurado pelos fios.

Determinado momento, minha mochila caiu de cima do bagageiro (sim, a saculejância é MUITO FORTE), mas eu não percebi. Certamente, como qualquer animal quadrúpede previria, o galão de 20 litros de água também caiu, molhando TUDO que estava à sua volta, incluindo a minha pessoa e minha mochila que estava no chão com um monte de roupa limpa e passada. Mas ainda assim eu não tinha me dado conta que era minha a mochila que estava no chão. Só que teve uma hora que um bêbado quis ir ao banheiro, e a coitada não estava deixando a porta abrir completamente pra que ele passasse. O infeliz começou a gritar, xingar e CHUTAR A MINHA MOCHILAAAA! Eu acordei com aquele quiprocó armado, e fui olhar o que ele estava chutando. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que era A MINHA mochila???? Recolhi humildemente, ela escorria água de dentro pra fora. Nessa hora eu me segurei pra não chorar. Juro. Veio até a garganta. Foi a sinestesia mais cruel da minha vida: O odor dos peidos da velha misturado com seu chulé, o tato da minha mochila inteira pisoteada e molhada, o barulho do motor do ônibus no meu ouvido, e a imagem do bêbado mijando no banheiro porque não conseguiu fechar a porta. Se tivesse uma merda à mão eu lambia só pra garantir a desgraça dos 5 sentidos.

Eu cheguei lá pior que pinto no lixo. Parecia que tinha sido atropelado pela Vai-Vai e pela Imperatriz Leopoldinense juntas. A mardita da velha saiu sorridente pra encontrar os seus, o fiudumaquenga do bêbado saiu cambaleando pra encontrar os dele, e eu fui embora em silêncio para minha humilde residência, o Hotel. Esta viagem vai ficar pra sempre na minha memória como A PIOR VIAGEM DA MINHA VIDA.

De tudo isto se tira uma moral: Pense MUITO bem antes de preencher um "Manual do Candidato", viu. Mas depois que preencheu, e já tá no inferno, encoxa de vez o capeta. Porque a gente se fode, mas se diverte!