segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Textinho antigo do outro Blog:

O "Herald Tribune" trouxe uma acusação séria!

O papo é mais ou menos assim: Um blogueiro do Uzbequistão (se você não sabe o que raios é Uzbequistão, acesse o Google Maps mais próximo) escreveu coisas cabeludaças sobre um empresário e magnata da mineração de lá. O cara ficou todo ofendidinho com as "arbitrariedades" ditas sobre ele, contratou um advogado fudido (o mesmo que salva celebridades em furos de paparazzis) e mandou que tirassem o Blog do ar por difamação. E assim foi feito! E aí, você, humilde leitor deste também simplório BloG...tão inofensivo quanto uma criança de 7 anos e meio pergunta-se: porquê caralhas a Justiça de lá não armou um barraco dos grandes para investigar os seguintes quesitos:

1) Se as cabeludices que o tal BloGueiro acusava o infeliz do magnata tinham fundamento,

2) Por quais razões a liberdade de expressão não foi assegurada,

3) Como um BloG pode ser retirado do ar por seu servidor sem nenhum mandado jurídico,

4) Porque o Uzbequistão é tão marginalizado do Oriente Médio.

5) O que eu tenho a ver com tudo isso?

6) Roberta Close é homem ou mulher? (Já que é pra investigar mesmo...)

É, nego(a). Pensava que era só no Brasil que aconteciam estas barbaridades alienatórias?

Por um lado fico feliz: O Capitalismo faz milagres não só aqui em Terras Tupiniquins. Por outro fico extremamente triste: O Capitalismo faz milagres não só aqui em Terras Tupiniquins.

Enquanto nenhum Magnata Brasileiro se ofende com o Blasfêmia...vamos devaneando né!

E que assim seja...até quando Deus quiser...(ou algum Setubal, Diniz, Marinho, Abravanel........)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Nin hao!

Em 2007 eu decidi que ia estudar chinês. Queria alguma coisa diferente, sabe? Além de dar "aquele" up no curriculum, por gostar muito de línguas e ter facilidade, decidi pelo mandarim.
Minha primeira cagada foi ter me matriculado em uma matéria optativa que a Letras da USP oferecia de chinês. Sim, porque se eu reprovasse ia carregar aquela DP pro resto da vida. Mas como seria de graça, a tal da injeção na testa falou mais alto. E falou mais alto do que meu sono, também, afinal seriam 2 horas, 3 vezes por semana, das 8 às 10 da manhã. Pra quem me conhece só um pouquinho sabe que estar na USP às 8 da madrugada é um sacrilégio descabido, que eu não faria nem pra tirar o pai da forca. Tá, pra isso eu faria, mas como as possibilidades de quererem enforcar meu pai - que é um amor de pessoa - na USP, às 8 da madrugada são ínfimas, eu digo que não faria.

Bom, primeiro dia de aula, a professora (nativa a filha da puta) ensinou as 4 entonações básicas do mandarim: inhu (é um grunhido, não tente ler como I+N+H+U), inhuuuu (que é o mesmo grunhido, um pouco mais compridinho), unhi, e X - que é um grunhido que eu não conseguia imitar. O único da sala:

- Não é üihY. É üihY! - tentava me ensinar a pobre chinesinha.
- üihY
- Nããão. Você não está dando a entonação certa. É üihY!
- üihY!

E por aí vai. Não consegui dar a merda da entonação. Pode não parecer um problema, mas é. E mandarim, a mesma coisa ( a exata mesma coisa) dentro das 4 entonações diferentes tem sentidos diferentes. Güi = Mãe, Güiiiiiii (o mais longuinho) = Égua. Pronto. Pra chamar a mãe do cara de égua, é dois palitos. E a prófi insistia na minha entonação diante da sala inteira. Comecei a ficar puto.

Daí começaram também as aulas de grafia. Ieroglifos, desenhinhos...ou simplesmente ideogramas (o nome científico). Cara. No começo até que faz alguma sentido. Porque o desenho representa o que é. "Criança" parece o desenho de um molequinho. "Mulher" parece uma mulher ajoelhada com um manto - segundo a prófi é porque o chinês entende que a mulher deve obediência e deve se curvar diante do homem. Até aí, legal. Agora começa a viagem: a palavra "Bom" é um ideograma formado pelo mix de "criança" e "mulher", porque pro infeliz do chinês, o que pode ser "bom" além de sua mulher e sua criança. Ou seja, fudeu geral. Porque a partir de um momento, pra você saber o que está escrito tem que usar drogas pesadas, e ser muito, mas muito criativo, além de profundo conhecedor da cultura e sabedoria chinesa. Ah, tudo isto às 8.

Estive persistente, até a primeira prova. A mulé apresentou ideogramas e nós, pobres mortais, tínhamos que decifrar o que estava escrito. Eu fiquei 1 hora e quarenta em frente àquele pedaço de papel, e não descobri UM IDEOGRAMA SEQUER. Neste momento decidi que todo o sacrifício que representava o estudo daquela língua infeliz, seria em vão. Já enxerguei minha primeira e única DP no meu histórico da faculdade, e tive um pesadelo com a professora de chinês usando uma cinta liga e um chicote na mão me disciplinando. Acordei decidido a acabar com aquilo. Nos últimos 5 minutos que ainda poderia ser feito, cancelei minha matrícula. Foi com dor no coração, confesso. Mas meu cérebro agradeceu de joelhos - que nem tem.

Com isso eu descobri uma coisa sábia: Ninguém fala chinês. Eu tenho certeza. As pessoas fingem fazê-lo, mas no fundo, no fundo, ninguém fala. Nem os nascidos. Devem só fazer pressão...falam mesmo é inglês. Pelo menos foi o que minha consciência entendeu...às 8 da madrugada.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

2008

É...mais um ano indo embora.
Mas sabe que 2008 não foi um ano qualquer! Tudo bem, eu já vi um cara de Stand Up Comedy falando sobre isso...mas como eu tinha pensado antes dele falar, resolvi escrever assim mesmo. Aliás...esse caras de Stand Up tão me tirando o pão de cada dia. Às vezes eu penso em alguma coisa pra blasfemar o cotidiano, falo pra alguém, e me respondem "Ah, é como o fulaninho do schrubles falou". Merda.
Mas voltemos a 2008. Neste ano aconteceram coisas absolutamente inesperadas e incomuns. Vejamos:

(A Top todas, para mim)
*Morre Dercy Highlander Tutancamon Gonçalves: Tá. A mulher tinha 247 anos. Dizer pra qualquer um que era inesperado ela morrer é até piada. Mas quem, ó leitor, não se surpreendeu com a morte dela? Eu mesmo quase chorei. Quase, eu disse. Acho que chegou um dado momento que as pessoas não contavam mais que ela fosse de fato morrer. Era como uma certeza na vida! Se tinha algo que eu sabia, era que a Dercy era viva. Mas morreu.


*Sandy dá: Está aí outro tabu de mais de duas décadas! Tudo bem, a Dercy é hors concours com seu centenário, mas ninguém esperava mais que a Sandy desse. E ela deu! Pelo menos agora não se pode ter mais dúvidas que a Sandy não é mais virgem. Ou o Lucas Lima tem que voltar pro Jardim de Infância. Desta forma não ouviremos nunca mais "Matérias exclusivas com Sandy, abrindo o jogo sobre família, trabalho e virgindade". Só faltou aquela Playboyzinha básica, mas isso vai ter que ser em 2009.


*Coringão na Segundona: Além de ter que ouvir eternamente que não temos o próprio estádio, que nunca ganhamos uma Libertadores, agora temos que amargar esta também. Mas como todos sabem, a segunda divisão fez bem para o nosso ego, e demos uma lavada. Tamo de volta em grande estilo! Fenomenais (agora curithiano esquece a história dos travecos...).


*EUA se fodem: Em 2001 eles não se foderam tanto assim. Tá dando tudo errado na vida dos caras. E tá aí um outro Tabu que vem há pelo menos 60 aninhos. Caraca velho! Demorou, mas chegou a hora. Ah, fora que o primeiro negão vai mandar na porra toda. Do caralho!


*Massa quase ganha Mundial: Cara...desde que o Senna se foi a gente espera alguma alma caridosa pra dar uma esperançazinha no nosso coração. Aí veio o Rubinho que fez o que fez por tanto tempo. Mas nós continuávamos esperançosos. Eis que chega Felipe dos Santos Aguiar Souza Andrade Massa (dá-lhe Wikipédia). E o cara faz a gente acreditar de novo que poderíamos levantar uma taça de Mundial. Nem precisou ganhar, porque ele já ganhou nossos coraçõezinhos de torcedores fanáticos!

*E uma Pessoal (afinal o Blog é meu e eu falo o que eu quero (ADORO A LIBERDADE DE IMPRENSA) (ODEIO ter que fechar parênteses duplos tipo os próximos que se referem ao primeiro que eu abri lá atrás)): Eu comecei a trabalhar. Digo isso porque comecei a trabalhar de verdade, sabe. Aquela coisa de horas por dia, salário mensal, férias, responsabilidades, velhices. Enfim, chega essa hora pra todo mundo.

E aí, mais alguém lembra o que fez de 2008 tão diferente?
Se lembrarem, postem nos comentários. Eu lembrei de um monte de coisa que esqueci logo antes de começar a escrever este post.

A todos, um Feliz 2009 cheio de surpresas. O que virá?

Abraços!

Victor

sábado, 20 de dezembro de 2008

Lava Pinto

Então minha mãe resolveu entrar na era da informática há uns anos, criou uma conta de e-mail, e se diverte com as amigas trocando mensagens engraçadas, correntes, mensagenzinhas bonitinhas, etc.
A minha vó ficou invocada com a história e também resolveu se modernizar. Comprou um computador e contratou um professor de informática pra ir dar aula pra ela em casa.

Acontece que minha mãe recebeu um e-mail com um vídeo de um cara lavando o pinto no liquidificador (?!), achou muito engraçado e mandou pra todo mundo, incluindo minha vó.

Agora pensa, a vózinha lá na aula de informática com o menino, abre o e-mail e começa um cara a lavar o pinto no liquidificador!

Ela falando: Eu fiquei roxa, amarela, verde, não sabia onde enfiar a cara! O menino fico parado olhando com um olho arregalado, e pra tentar consertar eu falei:

"Olha, ela não é assim viu?! Ela é mãe de família! Ela é até espírita!!!"

Agora deve estar pensando que minha vó é uma tarada!!!!

Pois é. Tá aí uma coisa que minha mãe tem que aprender. Filtro!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Azar no jogo...

Eu NUNCA ganhei nada. Jogo na mega sena por fé em Deus mesmo. Uma vez fui num desses bingos beneficentes de interior, e fizeram a tal da "Cartela Extra", que o prêmio seria metade do que arrecadassem com a venda das cartelas extras. Chegamos em um prêmio de R$ 500,00, que não é de todo mal pra um binguinho beneficente.
Fui marcando uma por uma, e parecia que ia ganhar. Quando o cara cantou a última bola da minha cartela, gritei um "Bingo!" tão forte que quase abafou o "Bingo" que uma velha gritou.
Bom, fomos levados ao desempate: Teríamos que tirar uma bola do saco (não do meu, porque aí não seria justo com a velha). Eu tirei o número 8, e a velha tirou o 93. Quase engoli a pedrinha.
Ganhei o pano-de-prato da Segunda-Feira como prêmio de consolação, e ela levou 500 mangos! Isso só deve consolar a mãe de quem bordou aquele pano. A merda é que ela doou os quinhentinhos pra instituição que promoveu o Bingo beneficente, coisa que eu não faria nem fudendo. Não por ser uma pessoa ruim, ou por não acreditar na idoneidade da instituição, mas é que já tinha feito planos com o dinheiro. E aí tive que chupar a manga de ver ela ter um ato bondoso com o prêmio que eu fiquei puto de perder.
Outra vez foi quando teve um sorteio de uma moto em uma balada na minha cidade do interior. Não que eu quisesse uma moto, mas eu poderia vendê-la e fazer mil coisas com o dinheiro. O sorteio seria pelo número do ingresso (numerado em ordem de venda). Gente, juro. Eu perdi a merda da moto por UM NÚMERO! Se eu tivesse chegado 14 segundos antes, ganhava a moto! Sim, e foi esse o tempo mesmo, porque eu tive que esperar o cara comprar pra poder comprar o meu ingresso. Já estava tão bêbado que eu chorei a noite inteira um choro doído, de lástima. Chorei tanto que o cara que ganhou foi informado e se sentiu mal...veio me propor que eu comprasse a moto dele, que venderia baratinho! Mas eu não queria comprar aquela merda. Queria ganhar!
A terceira vez foi um bingo beneficente (parte dois), só que valia um carro 0 quilômetro. A cartela custava 30 reais, e a cidade inteira estava participando do sorteio, num ginásio. Meu pai, quem comprou, não podia ir, me mandou. Eu alertei que era pé-frio, mas ele insistiu. Bom, pedrinha vai, pedrinha vem, uma hora o cara gritou: "Quem aí está faltando só um????!!!"
Era eu. Tremia feito Jão Paulo II (pra fazer jus ao nome do blog, uma vez na vida que seja).
Descemos eu e mais uma mulher no meio do ginásio. Só nós dois brigando por aquele carro. Foi uma a uma...até que ela deu um urro de "Bingo". Choveu uma chuva de prata nela, e eu fiquei com a maior cara de tacho da minha vida. Nem pano da segunda-feira eu levei nessa. Fiquei tão puto que rasguei a merda ali mesmo. E o pior é que a vaca é rica.
Outra vez que eu fui jogar Pôquer valendo dinheiro, fui o primeiro a sair da mesa. Nunca ganhei uma partida de War. Não ganho nem amostra grátis em supermercado.

Por isso eu acho que está na hora de começar a ter muita, mas muita sorte no amor!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Rapidinhas

Luciana Gimenez Saramago para Amaury Junior às 00:43, sobre crianças que trabalham como atores:

"Quem deixa, tudo bem. Quem não deixa, tudo bem também!"

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Na casa da minha Tia:

- Nossa Tia, que bolo bom! Quem fez?
- Ahhhh! Foi a mulher que corta a unha de todo mundo!
...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Placas Indicativas Abaixo!


Cara...eu não sei quem foi o animal que teve esta idéia...mas foi muito, muito boa! Quase chorei de rir! As placas, de simples sinalizadoras de "Animal Silvestre", passaram a sinalizar "Domador de Animal Silvestre", "Caça de Animal Silvestre" e, o melhor de todos, "Mula sem Cabeça na Pista". E tudo isto em plena Marginal Pinheiros. Putz! O triste é que se a polícia pegar os gênios que fizeram isso podem até ir presos.

Interventores 1 X Kassab 0.

*Obrigado à minha amiga nipocearense Rayanne pela deixa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Dona Ruth

Já que citei abaixo Dona Ruth, a velha que mora sob nossos pés, vou contar a história dela. Essa mulher deve ter uns 237 anos, mas fala que tem "80 e muitos". Com seus óculos grandes que deixam as pupilas pequenas, esta cidadã certamente tem o diabo no corpo. Logo que mudei para cá, e morava o meu irmão com o tal do Colmbiano maconheiro, já existia a richa Ruth versus 52.
Quando recebi uma notificação por escrito, resolvi me inteirar do caso, antes que virasse uma multa. Meu irmão falou que a velha era louca, e implicava conosco que tinha barulho. Cá entre nós, meu irmão chegava bem tarde, e nunca fez questão de ser silencioso. Principalmente quando levava a namorada para o quarto e a cama não tinha feltros embaixo (se é que vocês me entendem).
Um dia encontrei com a mulher no térreo, e com sangue nos olhos ela me disse:

- Escuta aqui ô moleque! (Eu com cara de "É comigo?!"). Eu não aguento mais aquela geladeira móvel de vocês (!!!). Pode parar com aquilo lá que está me deixando louca!
-Geladeira móvel????
-É! E larga de cinismo que eu já sei de tudo! Eu sei muito bem que vocês tem uma geladeira móvel. O boliviano me contou tudo!

Pronto. Aquele doido do colombiano me fala que a gente tem uma Geladeira móvel pra mulher. Que merda se passa na cabeça desse indivíduo além de fumaça?
Entre ligações e outras na madrugada (que eu sempre estava acordado), recebemos a segunda notificação por escrito, o que precede a multa. Meu irmão falou:

-Vai lá conversar com aquela doida porque se eu tiver que ir vou bater nela!

Devia ter deixado. Mas almejando pela integridade física de Dona Ruth - e pondo em cheque a minha - desci as escadas e bati na porta dela. A própria atendeu:

- Boa tarde Dona Ruth. Meu nome é Victor, eu moro no 52 e...
- Ahhhhh, então é você?!!! Eu não quero falar com você! A próxima vez é multa! - Batendo a porta na minha cara.

Bati novamente à porta com toda a educação que recebi de pai e mãe (e nunca estiveram tão à prova). Abriu a porta de novo depois de alguma insistência minha:

- Você não entendeu o recado não?
- Sim, Dona Ruth, eu entendi. Mas eu quero falar com a senhora porque nós não sabemos o que estamos fazendo que lhe incomda tanto! Chegamos tarde, mas não damos festas no apartamento....fazemos coisas corriqueiras como tomar banho, ver o computador, nada demais!
- O que???! Vocês dão uma festa por dia! Eu não aguento mais! E olha, não quero mais saber. Agora vocês vão é pagar multa!
- Ah é assim?! Então manda a multa que a gente paga!
- Ahhhh! Então são durões! Eu vou na Delegacia do Idoso prestar queixa contra vocês! Não é justo que aos "80 e tantos anos" eu seja obrigada a ficar acordada a madrugada inteira por sua culpa! Eu vou meter um processo em vocês, então!
- Então faz isso!!!! Vamos resolver na justiça!!!!!!!!

Fui embora sentindo o coração bater na garganta de ódio. Mas não ia permitir que aquela velha me enterrasse. Depois disso acho que ela ficou arrependida e não fez mais reclamações junto à Síndica conta nós. Mas outra vez ela pinta na porta às 3 da manhã, todos dormindo e grita:

-Escuta aqui meu filho! Vai ser difícil essa mulher parar de andar de SALTO ALTO aí na casa de vocês???

Juro que dessa vez eu fiquei com medo. Além de tudo a mulher tava dando pra médium. Retruquei:

- Ô Dona Ruth! Tá todo mundo dormindo! Se a senhora quiser entrar pra procurar, se encontrar um salto alto sequer eu ponho ele e sambo pra senhora!

Ainda comprei feltro para colocar debaixo das camas e não ter mais motivo de camas pra que ela reclame. Só sei que toda vez que encontra um de nós no elevador, no alto de seu sarcasmo pergunta:

-Pra que andar vai?
- 5º.
- Ahhh, você não é um daqueles moleques do 52 né?
- Não...moro no 58.

Uma simples mentira que nos traz calma e tranquilidade. Ou quase:

-Ah bom! Porque tem uns meninos no 52 que eu vou te contar viu!

Não seria ela se não reclamasse...

O Porco

Lá nos EUA conhecemos uma paquistanesa. Gauhar (demorei pacas pra aprender a falar o nome dela, que lê-se Gôrrar) é filha do atual Ministro das Relações Exteriores do Paquistão, mas mora na Suiça. Acabamos ficando muito brothers dela, e ela de nós. Parecia até uma integrante do grupo há muito tempo. E mesmo sendo muçulmana, ela parecia bastante à vontade com os hábitos ocidentais, e nunca tivemos nenhuma divergência cultural que fosse percebida. Até este dia.
Nosso programa favorito é comer em lugares legais. Não precisam ser chiques...tem que ser legais...oferecer uma comida boa...por um preço que caiba no nosso bolso. Então resolvemos ir um dia ao Stevie B's, casa especializada naquelas Ribs (ou costelas, iguais às do Outback). Na religião muçulmana, eles NÃO PODEM comer carne de porco de jeito maneira. Mas nós não sabíamos que aquelas costelas eram de porco! Burros, pensamos que aquelas costelas eram de vaca (depois fui lembrar que numa "vaca atolada", as costelas são BEM GRANDES).
Convidamos a Gauhar pra ir conosco no restaurante, e ela aceitou. Chegando lá, pedimos as famosas Ribs, que chegou com alguns acompanhamentos, como uns molhinhos de barbecue, de Blue Cheese (que eu desconfio que seja Rockefort...), e de Cream Cheese. No de BBQ, Gauhar ainda perguntou pra garçonete:

- Moça, tem carne de porco nesse molho?
a garçonete olhou...pensou e respondeu:
- Não, no molho não tem.

Que momento idiota. Perguntar pra garçonete se tem carne de porco no molho que vai por na carne de porco! Só sei que ela se fartou de comer! Todos nós...mas o agravante foi que ela ADOROU!
Pagamos a conta e sentamos em frente do Stevie B's em uns banquinhos pra esperar o motorista do Resort nos buscar. Papeando até que ele chegasse, eu mirei no vidro da lanchonete e vi o desenho de um porco, gordo e suculento mirando de volta nos meus olhos. Fiquei DESESPERADO, e resolvi compartilhar com as meninas nipobrasileiras em bom português:

-Gente!! Acho que aquilo era carne de porco!
-Porque????
- Olha ali! Tem uma foto de um porco!
-Putaquelpariu!!!!

E a Gauhar perguntava em inglês: "What's going on?! What happened?!"

Nós não sabíamos, agora, se contávamos. Afinal ela poderia fazer alguma coisa pra salvar a sua alma, e evitar que a nossa queimasse no mármore do inferno pra toda a eternidade! Sei lá, qualquer oferenda, matar galinhas, vomitar, enfim. Mas talvez se ela não soubesse do ocorrido, isso não afetaria seu futuro religioso. Decidimos contar:

-Gauhar...acabamos de descobrir que o que você comeu era carne de porco!

Caralho, a menina ficou louca da vida! Deu três mortais de costas e ficou muito puta. Mas não sabia o que aconteceria a ela (que era nossa mais insistente pergunta).

Chegando no Resort foi ligar pra mãe dela lá no Paquistão. Contou a história, e disse pra nós que sua mãe também deu três mortais de costas e ficou putaaaaaaça da vida. Baixou a Conga de verdade na mulher. O resultado: Se ela não sabia, se realmente comeu inocentemente a carne de porco, não tinha problema.

Tanto escândalo por isso. Depois dessa ainda tentamos levar Gauba (apelido carinhoso) em uma feijoada que ia rolar em Miami, mas ela perguntou antes se tinha carne de porco, e aí ficamos com medo de mentir e Alá nos castigar. Até porque no caso de uma feijoada ela iria comer um porco inteiro...incluindo nariz, joelho e orelha.

Espero que esta não esteja contabilizada quando chegar do lado de lá...

11º

Meu prédio tem 11 andares, o que, convenhamos, não é muito para um prédio. Mas a desgraça do elevador está SEMPRE no 11º andar! Por isso lancei a teoria de que neste prédio, estamos nós no 5º, Dona Ruth no 4º bem abaixo de nós (a velha insuportável que num para de reclamar de barulho), e o resto dos moradores no 11º.
Os outros apartamentos são meros figurantes do nosso, de Dona Ruth e dos do 11º.

Um dia ainda vou conhecer todos os 40 mil moradores do 11º andar. Ah se vou!

Ou então fazer um acordo: Olha queridos, fiquem pra vcs o elevador Social (pode ser, não me importo), e nós e Dona Ruth dividimos o de Serviço.

Será que eles topam????

Alalaô ô ô ô ô ô ô!!!

Eu estava sem verão há dois anos. Desde 2006 eu não sinto minha pele fritar. Ano passado, bem quando o verão estava para começar (mas ainda com cara e principalmente temperatura de primavera) eu fui-me embora para os Estados Unidos, e justamente quando o verão de lá estava para começar, dando fim à primavera, eu voltei para cá...no inverno.
Portanto faziam anos que eu não participava do verão. Puta que pariu. Havia me esquecido como é sentir um calor que ferve as víceras, que não deixa encontrar posição na cama pra dormir, que me faz ter vontade de matar pessoas, que me deixa extremamente puto, preguiçoso e desanimado.

Decidido: Não quero mais verões em minha vida! Nem que eu tenha que me mudar para o Alaska, este é o último verão que eu sofro tanto assim. Algo vai ter de acontecer.

Agora só me resta rezar pelo início do inverno...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Na porta da geladeira

Eu moro em uma pseudo-república. Não é uma casa normal, definitivamente. Mas não chega a ser uma república também. Temos mais adereços de casa do que uma república, e mais desorganização e sambarilóve do que uma casa. Temos liquidificador, dois computadores, tv a cabo, colher de arroz e dois sofás. Em compensação, temos também uma bandeja do McDonalds, um copo do bar, um copo da Pizza Hut, um cinzeiro, uma rede e um violão.
Primeiro morou meu irmão, sozinho. Depois meu outro irmão junto. Aí meu segundo irmão foi embora, e veio morar um colombiano que meu primeiro irmão conheceu em Cuba. Então vim eu, e o colombiano foi embora. Daí meu segundo irmão voltou e o primeiro foi. Entrou o meu amigo da primeira faculdade que tinha mudado pra São Paulo. Entrou meu primo, e saiu o meu amigo. Por fim entrou minha amiga da minha sala da segunda faculdade e saiu meu primo. Ufa. Então a formação atual é essa: Na defesa (da limpeza e organização impecáveis) está meu segundo irmão, no meio campo (entre arrumadas e bagunçadas) estou eu, e no ataque feroz (da bagunça), minha amiga da segunda faculdade. Gostei de deixá-los todos assim caricatos, sem dar nome aos bois - e à vaca.
Em meio a tantas idas e vindas algo permanece intocável. Com um quê antropológico, a porta da geladeira tem praticamente a mesma formação desde o início. Claro, tudo com o prazo de vencimento pré-histórico. Dentre os personagens da porta da nossa geladeira, a mais famosa, sem dúvida, é a azeitona. É de conhecimento público que conservas tem prazo de validade extenso. A nossa azeitona (perceba a identificação psico-sociológica com o fruto das oliveiras) tinha data de validade situada em meados de Março de 2004. Costumeiramente, vários moradores abriam a geladeira, pegavam o pote, miravam a validade e soltavam:

-Putz! Essa azeitona já venceu faz tempo pra caralho! - Colocando-a novamente em seu lugar.

Teve uma ocasião no ano passado em que meu amigo da primeira faculdade chegou bêbado de uma balada e acabou comendo algumas das azeitonas, que possuiam consigo um inseparável caldo preto no fundo do pote. Estava tão fora de si que nem percebeu a atrocidade que estava cometendo - o que não passou despercebido por seu aparelho digestivo. Mas aos que pensam que a azeitona foi jogada fora, se enganam.
Este ano, em meados de setembro, eu abro a geladeira e inocentemente miro o local em que situavam-se as referidas. Qual não é minha surpresa ao perceber que já não estavam mais lá. Que agonia! Tomou-me uma incerteza do porvir, e engoli a seco. Onde estariam nossas parceiras de loga data?! Aguentei uma semana ansiosamente à espera da chegada de nossa empregada. Quando ela chegou, naquela terça chuvosa, não titubeei:

- Fia, onde estão as azeitonas que estavam aqui?! - em tom eufórico
- Eu joguei fora. Tava vencida.- respondeu ela, sem mostrar o menor arrependimento do ato, e até com uma ponta de orgulho.

Como era possível? Aquelas azeitonas tão verdes...e pretas...e cinzas...e com um caldo amarelo-arroxeado? Abri a porta da geladeira e olhei inconsolável para o lugar que ocupavam. Estava vago. Exatamente ao lado da geléia de Jabuticaba com vencimento de 2006. Nada daquilo fazia mais sentido. Ela, vanguardista da porta da geladeira, não se encontrava mais entre os catchups e a cachaça artesanal. Pensei em jogá-los todos fora, mas aguentei, afinal, um dia eles poderão contar para mais compotas e sachês que tiveram o prazer de conhecer Etti - a azeitona mais roots de todo o reino da geladeira.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cosas de mi vida - Parte VI


Bom, então eu estava numa desgraça mexicana em plena América. Sem emprego, quase sem dinheiro, com a polonesa me ameaçando cobrar pelos carros que bati, e sem perspectiva de um Natal feliz que se aproximava. Por um milagre divino, a agência de intercâmbio me arranjou tudo pra mudar em dois dias. Compraram passagens aéreas, confirmaram com o empregador novo da Flórida, e já tinhamos até quem nos buscasse no aeroporto quando chegássemos. Um chuchu.

No dia anterior empacotamos todas as coisas, limpamos bem o apartamento, fomos andar pela cidade pra tirar as fotos que ficamos de tirar depois (esta acima é uma delas), mandamos o último postal pras respectivas famílias, ligamos reservando o Táxi para a manhã seguinte, e tiramos fotos do apartamento (para garantir que a vaca polonesa não ia quebrar tudo e mandar a policia nos prender). Só que tinha um detalhe: Ela não podia saber que iríamos embora. Porque os outros poloneses ilegais que fizemos amizade e eram agenciados dela, disseram que ela era auma pessoa perigosa, e que seria melhor não contar nada porque eles não sabiam do que ela seria capaz pra nos segurar lá. Cagados, resolvemos sair na surdina. Deixaríamos a chave com uns chilenos azarados que também eram agenciados dela (e ainda não tinham conseguido fugir de lá) e um lindo bilhetinho de adeus.

4 da manhã acordamos, pois o vôo saia às 6:00. Arrumamos tudo e fomos pra porta com todas as bagagens esperar o taxi (marcado pras 4:40). Enquanto uma japa ficavan a porta com as coisas, eu fui com a outra lá no prédio dos chilenos (a pouco mais de um quarteirão de casa, esta da foto ao lado) deixar a chave e o bilhetinho pra polonesa (com um Merry Christmas no fim, como eu já disse no outro post, substituindo um sonoro "morra"). Teria sido fácil, se eles não estivessem dormindo. Tocamos o interfone até o dedo cair, mas ninguém atendeu. Entramos pela saída de emergência e tocamos a campainha até uma acordar e vir buscar. Falamos tchau e fomos embora. Neste momento chovia torrencialmente, e nós já ficamos encharcados. Estaria tudo bem se a temperatura exterior não fosse 1 grau. Ficamos, então, na porta do nosso prédio congelando, esperando o táxi chegar. 5 horas da manhã e nada. Já estávamos ficando putos, quando resolvemos ir no orelhão ligar pra porra da garagem de táxi. Juntamos as moedinhas, e fomos até o orelhão ligar (que era em frente o prédio dos chilenos = Toma mais chuva).

-Por favor, eu reservei um Táxi pra East Broad Street (esta rua da foto abaixo) às 4:40 e ainda não chegou!
- Está no caminho.
-É um carro grande? Temos muitas malas!
- Sim. Está chegando.

5:20 e nada. Juntamos as últimas moedinhas que tínhamos, voltamos pro orelhão:

-Meu queridoooooooo! Eu vou perder meu vôo!!!! Cadê a porra do meu táxi da Broad Street???????
- Está no caminho, senhor!(odeio quando me chama respeitosamente quando já estão cagando na minha cara)
- Se eu perder a merda do vôo eu vou aí e acabo com a raça de vocês! Vocês vão me pagar a passagem de avião, entendeu?
- Senhor eu já disse que está no caminho.

5:30. Chega um táxi que não cabe nem as minhas malas sozinhas. Que dirá a de todo mundo. Eram 3 malas de viagem internacional! Mais as malinhas de mão. Mandamos o cara embora pra ir buscar outro carro. Nessa hora tentamos acordar os poloneses pra ver se eles não levavam a gente pro aeroporto. Ilegais, estranharam pessoas batendo na porta deles às 5 da manhã, e não abriram. Não adiantou gritar, dizer que éramos nós. Ouvíamos os movimentos, mas nada. Desistimos

Corremos então pra avenida principal, embaixo de chuva e com 1 mísero grau celsio nos congelando, e pulamos feito chitas no cio pros táxis que passavam. Ne-nhum parava. 5:50, esperanças acabadas, para um indiano com um carro do exato tamanho do anterior.

-Precisamos ir pro aeroporto urgente! Temos muita bagagem!
- Vamos, eu levo vocês!

Pusemos toda a bagagem que lotou fácil o porta-malas. Daí sobrou pro nosso colo, nossa cabeça e até o colo do motorista. Chegamos 5:55 no aeroporto de Columbus. Fomos pra Southwest fazer o check-in. Nossas malas estavam com excesso de bagagem. Mais uma vez a mulher fala: Vocês estão 15 pounds a mais. Tá. O que é 15 pounds?! Você saber que tem que tirar 3 quilos, dá-se um jeito. Imagina quanto deva tirar. mas e 15 pounds???! Tiramos as comidas e jogamos todas fora. Ainda estávamos acima do peso. Jogamos pratos de plástico, talheres. Ainda! Lembro que joguei a toalha bordada da mãe da Japa minha amiga (que ela não me perdoa até hoje por isso). Ainda estava acima. Resolvi tirar minha necessaire lotada pra levar como bagagem de mão. Quase. Ainda tirei mais uma ou duas coisas que gostava. Pronto! Ufa!!!

Corremos muito! Daí tem uma barreira maior que olimpíadas. Passa por um, dois, três quaaaaaatro seguranças! Tira roupa molhada, tênis, meia, tudo! Põe tênis, roupa molhada, meia e tudo mais.

-Vcoê tem líquidos dentro da sua bagagem de mão. Vai ter que jogar tudo que for mais de 100 ml fora.

Idiota. Esqueci dessa merda de lei dos líquidos! Maldito terorista que foi inventar de fazer bomba líquida. Que idéia filha da puta! Simplesmente TODA a minha necessaire foi pro lixo. Meus shampoos, remedinhos, remediões, homeopatias, desosodorantes...tudo. Ainda pedi pra passar o desodorante antes de jogar fora, mas o cara não deixou. Dane-se. Corremos, e chegamos com a porta já fechando. No finger, lembro que bati o pé e falei:

-Que toda esta zica fique aqui!

E tinha que ficar MESMO. Porque o avião tinha hélices. Ou seja, dos tempos que o Indiana Jones ainda não era gagá. E a zica ficou lá mesmo. Chegando em Miami, nossa vida ficou sensacional.

Daí em diante as fotos falam mais do que as palavras...

Agradecimento

Sabe que na minha família todo mundo tem um talento. A maior parte dos meus primos e irmãos mandam bem com música. Cantam, tocam, entedem, discutem. Eu me ponho a ouvir, mas nunca ousei tocar porque minhas mãos não nasceram pra fazer coisas que requerem fino trato. Acho que as mãos do Playmobil são mais habilidosas que as minhas.

Então eu resolvi escrever. Sempre me falaram: "Nossa, como você escreve bem!". E eu nunca dei muita atenção. Pensava mil bobeiras, mas ficavam guardadas nas profundesas de minha mente frustrada por não saber tocar nem cantar. E aí saiu o Teco, meu outro blog societário que é meu xodó. Mas ainda assim eu não me sentia livre pra escrever as besteiras e idiotices das profundezas da minha mente que alguns poucos que conheceram se arrependeram (coisas xulas). O Teco é profundo, eu só queria blasfemar! Por isto fiz este de onde vos falo.

E depois de alguns meses já no ar, tenho recebido vários elogios advindos de esferas diferentes da minha vida. Uns por e-mails, outros por comentários alheios, outros por telepatia...enfim! Quero agradecer a todos que entram aqui e lêem minhas coisas. Sei que muitas vezes são coisas longas...hehehe. Mas obrigado mesmo. Ah, e se puder deixar um comentário qualquer..., nem que seja um singelo "vai tomar no cu"...é bem motivador. Pelo menos tenho a leve sensação que não estou escrevendo pras paredes.

Obrigado mais uma vez!

Abraços

Victor

sábado, 22 de novembro de 2008

Crônica da Educação

Texto profano perdido no meu Blog profundo:

Eram 7 da noite passadas. Estava exausto por conta de um contato forçado com a natureza que me levou a um trekking muito cansativo. Ainda mais sendo contra a vontade. Mas no fim foi legal. Mas isso não vem ao caso. Estava de pé desde as 7 da manhã...coisa que já não é de meu agrado...notívago por natureza (com o perdão do trocadilho), assumido. Aliás...por quê todo evento de contato com a natureza tem que ser de manhã? Que saco! Poderiam me deixar dormir e fazer isto durante a madrugada...acompanhada de violões, uma fogueira...bom, também não vem ao caso.
O fato é que depois de um dia extremamente fatigante (ainda tive que correr para dar tempo de estar no metrô naquela hora, a fim de pegar um ônibus, viajar e me libertar do excesso de gente da capital) eu peguei a última cadeira marronzinha livre, junto à minha enorme mala. Isto me faz pensar que preciso aprender a fazer malas pequenas. Mas também não vem ao caso. O caso foi que no auge do meu cansaço e esgotamento, entrou uma senhora no vagão do metrô. Eu estava ouvindo música, mas fiquei olhando se nenhuma das outras pessoas inúteis que estavam sentadas no assento reservado a idosos, deficientes, pregnants e afins se levantariam. Mas nada. A menina com cara de bode fingiu que não viu a pobre senhora e continuou a lixar as unhas. O cara do lado dela estava dormindo...ou tentando estar para não ter que dar seu lugar.
E as rugas da velha senhora, velha mesmo, pareciam se aprofundar...As mãos, já calejadas por tanto sofrimento da vida, seguravam na barra de ferro tão fria quanto as pessoas que a rodeavam. E aquela sensação estava me matando! Não poderia mais ver aquilo e continuar sentado, apesar de todo meu cansaço. Resolvi levantar. Peguei a mala gigantesca e apontei o lugar para a senhora. Ela olhou e disse:
- Não precisa não filho, senta aí.
E eu respondi:
- Não, por favor, sente.
Ela dirigiu o seu olhar para o lugar (o qual eu me encontrava de costas) e disse:
- Ah, obrigada mesmo assim.
Quando eu olho para o lugar, me deparo com uma menina, de uns 23 anos, lendo sua "Vanity Fair" semanal, sentada de perninhas cruzadas no lugar que ofereci à senhora. Gente, juro. Neste momento todo o cansaço do dia me subiu à cabeça e, não sei como e nem por onde, cutuquei a menina e disse:
- Ô minha filha! Eu não dei o lugar pra você, dei pra senhora ali!
Ela olhou com um olhar blasé e perguntou pra senhora:
- A senhora quer sentar?
E a pobre senhorinha respondeu com a mesma calma de antes:
- Não, pode ficar...
Ela olhou pra baixo e voltou a ler sua revista.
O cara que estava do lado riu baixo e deve ter pensado consigo: "Puta que pariu, que mundo cão!"
E eu fiquei de pé, segurando a mesma barra fria que a senhora segurava, em silêncio, com a mala enorme entre as pernas...e com a cara de idiota que Deus me deu especialmente pra estes momentos.
Desci na minha estação e ela ficou lá na cadeira lendo a "Vanity". Como eu odiei aquela vaca. Como odiei sua falta de escrúpulo, educação, sensibilidade, noção...falta de tudo! Da próxima vez jogo a velha na cadeira. Faço uma revolução! Queimo todas as "Vanity's Fair's" da banca. Arranco o couro da menina da revista e frito uma pururuca ali mesmo na frente dela, com o óleo de pastel velho. Dou uma voadora no cara que riu da situação. Ou rio junto com ele e digo: "Puta que pariu, que mundo cão!".
Pensado bem...foi só uma cadeira do metrô. Nem merecia uma crônica. Mas minhas pernas ainda doem.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A Cigarra

Minha mãe contando:

Estava passeando outro dia na chácara, e vi a casca de uma cigarra grudada numa árvore. Na hora pensei: "Hum, vou levar pro Lucas ver!" (Lucas é meu sobrinho, neto da minha mãe, de 3 anos). Não tive dúvida, peguei.
Chegando em casa já tomei uma frustração na cara, porque estava em cima do móvel uma outra casca de cigarra. Ou seja...alguém já teve esta brilhante idéia antes de mim.

Mesmo assim resolvi mostrar, porque quem pegou a outra pode não ter mostrado (e não tinha mesmo).

- Lucas, vem aqui ver o que eu trouxe!

Mostrou a casca da cigarra.

- Você sabe o que é isso?
- Sei. Exoesqueleto, Vó.

Quase engoli a cigarra.

domingo, 16 de novembro de 2008

Êêêêêêêêêêêêêê

Este Post tem o intuito de discutir e desvendar o mistério que ronda fotos, sejam elas familiares, de amigos, churrascos, bêbados, sóbrios, independente da classe social, raça ou (ui) credo.
Eis a questão: Porque toda vez que tira-se uma foto com mais de uma pessoa, a maioria tende a falar um "êêêêê", extenso, sem raízes lógicas, nem profundas emoções?
A que remete este sinal de alegria momentânea pífia?
Quais são os aspectos psico-econômico-sócio-culturais contidos neste gesto, freqüente neste momento?
É ilógico, repetitivo e cíclico. Que mistérios rondam o "Ê" depois da foto?

sábado, 15 de novembro de 2008

Duplo Twist Carpado

Em uma conversa bem analisada há pouco, chegamos a uma conclusão, meu primo e eu. Cara, a troco de quê uma pessoa faz ginástica olímpica?
De começo ela vai virar um toco de gente desproporcional e feio. Superada esta fase de auto-aceitação futura, ela começa a treinar. Não tem incentivos do governo nem de porra nenhuma. Treina feito uma vaca velha, pula que nem macaco. Não ganha competições importantes. Estoura todos os músculos, articulações, ligamentos, nervos e etcéteras, com 25 anos não presta nem pra esfregar chão.
Tá, e nas competições? A menina faz aquele salto perfeito, de cair o cu da bunda, vira a comentarista e fala:

-Ela certamente sofrerá uma penalidade de 0.50 aí neste salto.

Porra, chama a vagabunda da jurada que está com a bunda sentada na cadeira pra fazer bonito, então.
E por aí vai...0.10, 0.30, 0.50...e a nota, que já nem ia ser tão alta assim, passa a ser mais baixa que a nota de corte de Filosofia da Fuvest. Fica atrás dos países-que-pulam-bem-não-sei-porque, e comemoram conquistas ridículas, como ser a primeira brasileira a disputar as quartas de final do salto sobre cavalo numa olimpíada.

Pensando bem...não basta ser ginasta, tem que ser herói.

Irmina, a Polonesa!

Já que citei no Post anterior, vou contar quem é Irmina, a polonesa.
Irmina era a polonesa gorda que nos agenciava. Ela era uma vaca em pele de vison. Queria nos fuder de todas as maneiras, e só começamos a perceber isto depois de determinada hora. Mas alguns aspectos de sua personalidade eram interessantes. Ela tinha mais bigodes do que eu. Não que eu tenha muito, mas ela tinha, todos pintados com Blondor americano. Era gorda e vivia falando no celular. Lembrava a Piggy dos Mupets. Tinha um sotaque horroroso e um carro grande demais.
Os olhos azuis às vezes denunciavam a raiva que ela sentia de nós, que resmungávamos o tempo todo que as coisas estavam fugindo do contrato que tinhamos assinado na agência de intercâmbio do Brasil.
O mais interessante de tudo, foi que eu sempre dava um beijinho nela quando chegava. Sempre me pareceu um tanto desconcertada, mas eu nunca imaginei que fosse um aspecto cultural dos poloneses não se tocarem (tá, não que eu imaginasse que eles fossem carnavalescamente animados, mas daí a recusar beijinho...).
Um dia, um outro polonês me viu dando um beijinho nela, e me alertou para que não o fizesse, pois na cultura deles era desrespeitoso. E ela complementou dizendo algo do tipo "É, realmente, eu nunca falei nada, mas é desrespeitoso!".
Eu pedi desculpas e jurei nunca mais fazê-lo. Pronto, daí em diante era só eu encontrar a mulher, que eu dava um beijinho e pedia desculpa. Às vezes eu lembrava no meio do beijinho, e nem terminava já tava dizendo "sorry". Chegou uma hora que ela acostumou, eu acho.
Fomos embora de lá sem nos despedirmos dela. Com um bilhete na porta e um Merry Christmas bem bonito, que substituiu muito bem a verdadeira mensagem que gostariamos de ter deixado:
Tomara que você passe o Natal assada feito um peru, vaca filha da puta.
Love, Victor.

Cosas de mi vida - Parte V

Bom, daí que eu estava nos Estados Unidos, há mais de 15 dias sem trabalhar, gastando do meu rico dinheirinho, sem nenhuma perspectiva de início. Eis que chega a Irmina, polonesa gorda que me agenciava (ela vai ter um post próprio) e propõe que eu trabalhe em um estacionamento, enquanto a minha vaga no Hotel não saia. Eu, braço convicto, já avisei que havia reprovado duas vezes no exame de carta, e não poderia trabalhar lá. Mas ela me fez uma proposta interessante...que eu ficasse só na parte de tirar neve dos carros, ou pegasse um ou outro de vez em quando. Na pindaíba do momento, topei.
O turno começava as 5 e ia até a 1 da manhã. Naquele dia nevava como em filmes natalinos (a neve é linda, mas irrita), e o carro da empresa passou em casa pra me pegar. Chegando lá, os primeiros servicinhos que eu tive foram, de fato, limpar os carros com neve. Até que, em um momento, o gerente (polonês, também) fala pra eu ir buscar um carro.

- Mas senhor, eu não sou muito bom na direção.
- Vamos, eu vou junto com você.

Saimos, peguei um Honda Civic (o equivalente a um Fusca daqui), ele me guiou o caminho todo, me explicou a dinâmica das ruas do estacionamento, e o caminho que eu deveria percorrer com o carro, finalizando na porta do estacionamento. Deveria deixar o carro ligado, com o aquecedor ligado, e a chave junto ao meu número (92) numa caixinha onde o cliente pegaria e iria pagar pra liberar a cancela.

Feito isto, liberou mais um carro pra mim. Estava na posição J-34. Fileira A, B, C...até a Jota. Não encontrava a merda da Jota. Como estava demorando pra achar, comecei a apertar o botãozinho do alarme, que fazia "piu piu", e me guiava na direção. Dado momento, já coberto de neve, encontrei o carro. Mas não era SÓ um carro. Era um Lexus RX . Minha perna já começou a tremer. Entrei, pus a chave na ignição e virei. O banco neste momento se ajustou à minha altura, e a direção na distância mais apropriada. Gente, juro. Suava feito um porco de nervoso. Liguei o carro, e comecei a procurar o freio de mão. Não tinha! Pus o câmbio no "D" (Drive, a posição dos carros automáticos pra joça andar), e fui pisando calmamente no acelerador pra ver se não estava travado pelo freio de mão mesmo. E não é que começou a andar? Eu só esqueci que do meu lado direito também tinha um carro, e virei a direção bem a mais do que deveria. Conclusão: Fui saindo em cima do outro carro, e deixando a lateral inteira do meu amassada. Antes fosse um poste, que o prejuizo seria menor. Mas não, eu bati em um Jeep Patriot . Comigo é assim! Não tenho acidente de Brasília 73 não! Basta de miséria!

Em um determinado momento, um carro enroscou no outro. Eu inocentemente achei que fosse o maldito freio de mão! Dei uma rezinha, e nesta hora ouvi um estalo na lateral. Pensei: Fudeu! Eu risquei o carro! (Risquei, hahaha! Mal sabia!)
Já não enxergava mais nada no caminho. Fui guiando até o local, passei a rua certa de virar dentro do estacionamento, freei no gelo e derrapei, foi uma bênção. Nessa hora, eu tremia, suava, rezava, cagava...aconteceu de tudo!
Parei o carro. Desci. Fui direto ver. Meus amigos, minhas amigas. Eu simplesmente DESTRUI a lateral direita INTEIRA do carro, começando na porta da frente, terminando no final da porta de tras. Neta hora mágica, pensei em várias soluções:

1) Fugir (eles tinham meu endereço);
2) Deixar a chave do carro com o número de outra pessoa (não seria justo);
3) Deixar a chave do carro sem número nenhum (eles deviam ter câmeras);
4 e último) Deixar a chave do carro com meu número normal, com a esperança que ninguém se desse conta da pequena diferença.

E foi isto o que fiz. Deixei na caixinha a chave com o número anotado, e voltei pra dentro.
Em 3 minutos estavam na sala o dono do estacionamento, o chefe de turno, o gerente e todos os empregados. Entre urros e partos normais, todos gritavam comigo.

-"You've crashed a Lexus!!!!".

Dei uma de John Armless, e dizia "Juuuuuuuuuuuraaaaaaaaaa?????". O gerente me catou pelo cangote e me levou até a famigerada vaga J-34. A marca dos pneus na neve era ridícula. Iam diretamente pra cima do Jeep! Ah, e o Jeep estava com a frente toda destruída. O cara falava uns palavrões em Polonês, e eu (ainda tremendo) resolvi perguntar:

-O que vai acontecer comigo?
-E eu lá sei o que vai acontecer com você!
-Eu vou ser deportado????
-Deportado que nada! Você vai ter que pagar o prejuízo!

Nesta hora eu comecei a considerar que ser deportado podia não ser tão ruim assim. Tudo bem...eu fico com o meu prejuízo, você fica com o seu, e seremos felizes para sempre, ahn? NOT!
Voltamos pra salinha. Dali a pouco vem o dono do estacionamento e pede meus documentos.

- Eu não tenho carteira de motorista.

Mais um urro. Esse foi com mais vontade. Nessa eu aprendi alguns palavrões em polonês. Kurwa é puta! Só sei disso! Dali a pouco voltam todos:

-Garoto, pegue suas coisas e suma daqui AGORA! VOANDO! O seguro está chegando e vamos botar a culpa em outra pessoa que tenha carteira! Some agora daqui!

Não preciso nem dizer que em 27 segundos e meio eu havia catado todos os meus casacos, blusas, toca, luvas, botas e afins, e fugi que nem um louco no meio de uma nevasca.
Em uma hora e meia eu fui contratado, cadastrado, treinado e demitido. A polonesa que me arranjou o job deu um duplo twist carpado quando ficou sabendo.

Fim de jogo: Eu continuei desempregado sob a ameaça de pagar 1000 doletas de ativação do seguro, a polonesa ficou mais puta then ever comigo, e a neve parou de cair. Sai fugido do estado de Ohio, e não posso dar as caras por lá, com medo de ser absorvido pela máfia polonesa. Agora me diz, é ou não é uma ótima forma de começar seu intercâmbio de férias?!

Gravando!

Estava eu no aeroporto Santos Dummont no Rio de Janeiro outro dia, quando vejo saindo de lá um dos casais mais clássicos da TV brasileira: Tarcísio Meira e Glória Menezes. Sim, são dois velhos bestas, mas que desde que o mundo é mundo (tá...nem tanto, não estou falando da Dercy) vejo a cara dos dois contracenando.
Fiquei assistindo a cena:

-Chama um taxi, Tarcísio.
-Estou chamando, mas eles tem uma ordem.
-Eu acho que não vai dar tempo de chegar lá. Você avisou?
-Sim, eu liguei antes e avisei.
-Mas mesmo assim...
-Não se preocupe, vai dar tempo!

Quando me vi estava quase sentado no sofá com o controle na mão e comendo umas pipoquinhas.
Pegaram o Taxi e foram para seu compromisso. Fiquei pensando. Caralho...que loucura. Os caras não estavam interpretando lhufas! Mas parece muito cena de novela! Deve ser muito estranho viver no corpo deles...meros personagens da vida real!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Rio?

Este último final de semana faltou água no Rio de Janeiro...e adivinhem onde eu estava? Bingo! No Rio de Janeiro!

Eram mais ou menos 8 da noite, bem me lembro que a suvaqueira do dia inteiro, de ter ido pela enésima vez pra Santa Teresa, depois de uma feijoada completa no Bar do Mineiro, depois de subir pela 4ª vez o Corcovado (sendo que é a terceira que está tão encoberto que eu mal vejo o sovaco de Cristo), ônibus, bondinho, um tropicão, duas havaianas...tive esta notícia: Não tem água.
Tudo bem...se fosse dormir, eu estava tão cansado que nem ia lembrar do meu odor. Mas eu ainda ia pra Lapa e pra Mangueira pular a noite toda e suar mais do que mãe em parto normal de siameses.
Juntei minha trouxa e fui pra praia de Copacabana tomar banho no Posto 3. Ainda bem que o resto de Copa não pensou nisso também.

-A ficha custa 3 reais, e são três minutos de banho.
-Só três minutos?
-Se quiser mais, compra mais fichas.

Malandro que sou, lavei o cabelo na pia. 1,2,3...botei a ficha...VALENDO! Me senti na banheira do Gugu. Só faltou a Luiza Ambiel me segurando, e o "Uba Uba Uba AÊ" ao fundo. Esfreguei tão rápido que nem sei se deu efeito. Ainda deu tempo de sambar no último minuto. Descobri que é possível tomar um banho de 3 minutos!

Passo novamente pela praia de Copacabana com toalha, necessaire, e uma cueca no ombro.

Se não fosse ridícula a cena, até comemoraria o banho!

Ah, foram os 3 minutos mais reconfortantes dos últimos tempos!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cosas de mi vida - Parte IV

Quando fui no Consulado Americano para tirar o visto (7 horas e meia de fila depois), a mulherzinha disse que iam me mandar via sedex meu passaporte já com o visto, e dentro uma Carta para a autoridade que fosse fazer minha imigração.
Chegou. Este Sedex eu não poderia abrir até os EUA. Não era de minha competência abrir aquilo, e só quem o faria seria uma autoridade americana. Portanto se tivessem rãs desidratadas lá dentro, eu não teria como saber. Ia entregar um pacote de rãs desidratadas nas mãos do cara que ia fazer minha imigração.
Bem, aportando em Nova York, segui os corredores pra fazer a imigração. Esperei na filinha minha vez, e um cara me chamou. Fui, falei bom dia, entreguei o envelope e aguardei.
Ele abriu, olhou os documentos, olhou o computador e disse:
- Ah...meu computador travou, volta pra fila que alguém te chama de novo. Sorry.

Voltei eu pra fila. O próximo me chamou. Entreguei os documentos. Ele me olha e pergunta:

-Porque você abriu o envelope?
- Não fui eu que abri. O outro oficial me chamou, abriu, mas não concluiu a imigração porque o computador dele está com problemas.
- Porque você abriu o envelope?
- ????!!!!! Eu não abri, foi o outro oficial.
- Porque você abriu o envelope?
- Eu NÃO ABRI O ENVELOPE!
- Mas está aberto.
- O OUTRO OFICIAL ABRIU! O COMPUTADOR ESTÁ COM PROBLEMA ELE ME MANDOU DE VOLTA PRA CÁ!!!!!!
- Okay.

Conferindo os dados....
- A data de chegada está errada.
- Está? Eu não tinha como saber, não pude abrir antes para conferir.
- Mas a data está errada.
- ¬¬... Eu não podia saber.
- Está errada a data.

Juro....nesse momento, eu considerei juntar minhas trouxas, mostrar o dedo do meio pra ele, dar meia volta, e ir embora. Depois lembrei de todo o dinheiro que eu já tinha pago, todo o tempo perdido, e tudo mais...resolvi responder calmamente.

-Senhor. Eu não conseguiria conferiri os documentos, na medida que eu não pude abrir o envelope!

-Okay. Welcome to America.

Não sei, honestamente, a finalidade desta técnica imigratória. Deve ser da Escola Perturbadora de Imigração... E by the way...eu já estava na América quando saí do Brasil...motherfucker.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Rio X SP

Existem algumas diferenças clássicas entre Rio e São Paulo, que todo mundo sabe. Chamar bolacha de biscoito, bexiga de balão, etc. Mas teve uma que me intrigou:

-Por favor, me vê um suco de acerola.
-Suco não tem não. (Com uma mega placa ACEROLA em cima de um daqueles reservatórios que ficam girando).
- Como não? E o que é aquilo ali?
-Aquilo é refresco!

Não sei que cara fiz. Juro que não. Mas deve ter sido a cara mais de "puta merda" já feita.

- E qual é a diferença entre um suco e um refresco?
- Suco é a pura polpa da fruta. Refresco é polpa batida com água.

Porra! Já não bastam as embalagens de bolachas escreverem "Biscoito Recheado sabor Chocolate", agora ainda tenho que engolir mais esta?

Comprei meio litro de refresco e fui procurar um Aurélio:

Su.co: 1 A substância líquida extraída das frutas, como artigo de comércio, para bebidas refrigerantes etc. Ex: Suco de uva, suco de caju.

Re.fres.co: 1 Tudo o que serve para refrescar; bebida fresca, refrigerante. 2 Sensação de frescura; arrefecimento.

Ha!!! Engulam esta bolacha a seco! Em nenhum momento dizem que refresco é polpa de fruta batida com água!

Voltei no mesmo lugar no dia seguinte:

-Me vê um suco de laranja!
- Não tem suco não.
-Claro que tem! Aquilo ali extraído da fruta é um suco! Refresco é qualquer coisa refrescante. Tá no dicionário moça, pode ver! - Com uma segurança de alguém que havia de fato pesquisado o tema.

Saí de lá com meio litro de suco, e vingado por todas as bolachas do estado de São Paulo.

Anti Crime Tabajara

Depois de longo e tenebroso tempo de trabalho no Rio de Janeiro, venho respirar fundo novamente o ar poluido de São Paulo, e contar uma que me aconteceu por lá.
Tenho uma amiga que veio com uma teoria muito interessante: Uma solução infalível para se escapar de um assalto. A idéia é simples. Quando você anda solitariamente na rua escura, e vem no seu sentido, ou atrás de você uma pessoa suspeita, o que fazer? Muitos se desesperam, já aguardando o assalto. Outros tentam correr, inutilmente (porque enquanto você trabalha, o bandido tá batendo pelada lá no campinho de terra, e o físico dele é muito mais estruturado que o seu, pobre usuário semanal da academia cara do seu bairro).
Imite um boneco de posto! Pule e balance os braços e pernas rapidamente, chacoalhando a cabeça de um lado para o outro, meio correndinho. A teoria é esta: Nenhum ladrão seria bobo, louco ou idiota o suficiente para assltar alguém tão bizarro quanto você.

Teoria feita, pus na prática. Estava na Praia de Ipanema, umas 9 e tanto da noite, sentado no calçadão com os pés na areia. Um minuto após aproxima-se um ser esquisito suficiente para ter medo, e fala com aquele sotaque Cidade de Deus:

- Onde é que tu mora?
- Moro aqui! (Com aquele sotaque não-moro-aqui-nem-fudendo)
- Passa o celular!!!! - disse ele.

Olhei bem pra cara do cara. Pensei nas probabilidades matemáticas dele querer de fato a merda do meu celular. Não carregava uma arma, uma faca, um objeto pontiagudo sequer. Pulso por pulso, eu também os tenho, a briga podia ser boa. Num lapso de (falta de) consciência, apliquei a técnica do boneco de posto.

-Não!!!! - respondi.

E sai pulando e girando a cabeça e balançando os braços pelo calcadão de ipanema feito um idiota. Se eu disser que deu certo, alguém acredita?
Pois é. Dado momento olhei para tras, e o cara já estava bem lá na frente andando calmamente, e provavelmente pensando:

-Puta que pariu. Que merda foi aquela?!!

Fui embora carregando o lixo do meu celular, e orgulhoso por ter descoberto, enfim, a tática mais infalível anti-assaltos do mundo.

PS: Não recomendo quando o indivíduo porta algo que possa te machucar. Na verdade é uma técnica pré-assalto.

sábado, 11 de outubro de 2008

Cosas de mi Vida - Parte III

Lá vai...a não menos longa viagem posterior à de Londres.

Bem. Dois dias após o final da epopéia pelas terra de Beth, como havia anunciado anteriormente, fomos convidados a conhecer o sul da França (para compreender com toda a intensidade este post, é necessário ler o anterior, "Cosas de mi vida - Parte II").
A proposta era tentadora. Não era qualquer lugar! Estávamos falando da Côte D`Azur, um dos locais mais requintados de toda a Riviera Francesa! Conheceríamos Nice, Cannes, Mônaco...era quase irrecusável! Mas o trauma Londrino nos fez pestanejar:

-Pera um pouco! Onde vamos ficar?!!!! (em tom agressivo)
- É um studio de um amigo da Ticia! É ótimo!!!Tem tudo lá, é lindo, na quadra da praia, perfeito.
- Tem certeza? Absoluta? Não é mais uma enrascada?
- Nãããããããããão! Fiquem tranquilos!!! Eu garanto!!! (Lembre-se na sua vida que uma pessoa dizer que garante e um burro cagar dá na mesma. Que podiamos fazer depois? Matar o nosso amigo? Arrancar os ovos dele com a mão e fritar em óleo quente, depois jogar uma partida de sinuca?!)

A história era essa: A Ticia, mulher branca do nosso amigo preto (e não estou abordando apenas a questão melanínica...mas eles tinham um casamento branco, um acordo pra conseguir permissões mútuas de estadia nos países dos respectivos) tinha um amigo riquésimo em Nice. Este amigo convidou-a para passar uns dias por lá, oferecendo seu lindo Studio como hospedagem. Meu amigo, como não poderia deixar de ser, estava convidado junto. Nós pagariamos um Migué Europeu, e ficariamos lá sem maiores problemas. Lindo, perfeito.

Voltamos ao Renault que eu jurei nunca mais sentar (cuspir pra cima e cair na testa é comigo mesmo) para enfrentar, desta vez, não 4 ou 7...mas (teoricamente) 9 horas de estrada. Tinhamos que cortar a França inteira, de norte a sul, para chegar lá. Ajeitamos as coisas dentro daquele compacto europeu (adoro esta expressão...dá uma idéia do que foi aquilo), e partimos rumo ao certo mais incerto que já vi. No começo chovia horrores, mas logo teve lugar um dia lindo. Nesta hora eu acreditei, inocentemente, que a tormenta ficaria em Paris, e desta vez sim seria tudo maravilhoso.

Eu era o único que não dirigia. Meu irmão, Binidito (nome fictício do meu amigo...já que eu resolvi contar que o casamento dele era fake) e Ticia armariam um esquema de revezamento pra ninguém ficar estropiado. Os primeiros quilômetros foram lindos! Vimos muitos castelos, o caminho era europeicamente lindo, alguns alpes...uma formosura. Já no início, a mulher aparentava uma certa insegurança...para não dizer apreensão. Chegou a vez dela de dirigir, puxou o banco o-mais-pra-frente-que-os trilhos-suportavam, colou a cara no vidro como fazem aquelas velhas caducas, e dirigiu a 20 por hora. A gente se olhou, olhou para o meu amigo, e ele então resolveu confessar:

-É que ela já sofreu um acidente muito sério uma vez....foi numa curva. Ela tem pânico de estrada.

Ótimo. Estávamos com uma pessoa que tem pânico de estrada nos dirigindo. É a mesma coisa que entregar o comando do navio a um hidrofóbico. Não podia ser melhor. Ou podia...

Certa hora, meu irmão resolveu pegar a direção para dar uma adiantada no caminho, pois pretendíamos chegar antes da senilidade na praia. Pé-de-chumbo que é, aproveitou para tirar o atraso. A mulher quase teve um parto normal. A cada curva que ele fazia, ou mudança de faixa, ou olhava para o lado e não para a estrada, ela soltava um gritinho angustiado. Nessa hora o saco do meu rmão foi pra lua, o meu continuava apertado no banco de trás, e o da mulher tava estourando de medo. Resolvemos parar pra tomar um café.

-Porra, Binidito, assim num vai dar. Dá um sonífero pra essa mulher, assim já acorda ou lá ou no inferno.

Ela era cantora lírica profissional, que já tinha cantado no Ópera de Paris e dado aulas em famosas universidades de música do mundo...inclusive a Unicamp. Em certo momento de nossa parada, ela disse que conseguiria todo o dinheiro da viagem cantando um pouco em Nice numa pracinha pública. Pra dar uma quebrada de gelo e aproveitar meu instinto piadista nato, falei:

-Eu posso cantar com você! - E dei uns acordes com voz de Pavarotti depois da efizema pulmonar.

Puta que pariu. A mulher ficou louca da vida! Eu nem entendi no momento, mas Binidito me explicou depois: Ela ficou muito ofendida em eu comparar a capacidade dela à minha ignorância. Ficou parecendo que eu chamei ela de Joelma do Calypso na concepção músico-piadista. Fudeu geral.
Agora era o raio da mulher de cara fechada pra mim, soltando os gritinhos na curva, meu irmão mais puto then ever, e eu quase tão apertados quanto antes. Só faltava o austríaco dormindo do meu lado.

Depois de 6 pedágios, 4 paradas, 239 gritinhos, 14 puta que parius (em português), 2 gangrenas, 935 quilômetros, 10 horas e meia, 5 estados, e muita...mas muuuuuita canseira, chegamos em Nice. Eram 4 e pico da manhã, fomos pra casa do cara buscar a chave. Começaria, então, nosso calvário. Depois de uns 5 minutos, vem nosso amigo com cara-de-fudeu e diz simplesmente: "Miou".

Não. Nada apenas "mia" depois de tanto sacrifício. Nós pensávamos que era piada dele, agarrando num último fio de esperança...mas não. Sentamos os três dentro do carro, e ele começou a explicar.

- O cara resolveu reformar o studio de última hora, e pensou que ela e eu poderiamos ficar aqui na casa dele mesmo. Mas só tem espaço pra dois. Então, basicamente vocês não tem lugar para ficar.

Isso, sabia bem ele, incluia sua pessoa também. Porque nós não seríamos enxotados às 4 da manhã sozinhos. Eu imagino as nossas caras naquela hora. Já veio tudo à minha cabeça e acho que uma lágrima me correu. Ou não. Bom, hora de enfrentar a realidade. Meu irmão, que já estava doido pra cagar desde que a gente saiu de Paris, cortou logo o silêncio dizendo que largassemos logo a porra da mulher lá e procurassemos um banheiro pra ele, e depois decidiriamos o que fazer. Lembro até dela dando um tchauzinho pra nós. Saimos à procura de um Hotel não muito caro onde pudessemos garantir a cagada do meu irmão e a nossa noite. Rodamos por aproximadamente meia hora. Era alta temporada e NENHUM filho de uma puta de um hotel tinha vagas. Nem caro, nem barato, nem meio-termo, NE-NHUM. O único que supostamente teria era o Hotel Negresco, onde a diária mais barata era 350 Euros. Mais fora de cogitação que isso, impossível! Meu irmão, vendo estrelas, perdeu a compostura e soltou: Vou cagar na praia mesmo. Não sabiamos que a praia era de pedra. Mas nesta hora, pouco importava. Ele acocorou-se lá e...bem, daí vocês já sabem. Veio falando: "Nossa, foi a cagada mais linda que já dei! De frente pro Mar Mediterrâneo!".
Nesta hora o cansaço tomou conta. Paramos o Renault em uma praça a duas quadras da praia, e resolvemos que dormiriamos tortos e mal acomodados lá mesmo. No dia seguinte veriamos o que fazer. Tá, piada! Três marmanjos naquele carro, estavam mais desajeitados do que sardinha na lata. Fora o que nosso amigo tava com um chulé desgraçado:
-Da próxima vez deixa a carniça lá em Paris.
Próxima vez...hahaha. Até parece que cairiamos mais uma vez em qualquer coisa que ele armasse pra gente. Depois daquela, eu não topava nem com reserva de Hotel 5 estrelas confirmada e com firma reconhecida no cartório. Bom, tentativas frustradas de dormir, 5:15 da manhã eu e meu irmão decidimos ir pra praia e ver o sol nascer, pra já começar a aproveitar, mesmo sem dormir.
Chegamos lá, deitamos em uma daquelas espreguiçadeiras que estava dando sopa (cogitando ser nossa cama definitiva), e já vem um segurança nos tirar. Eram de um Hotel. Sentamos nos pedregulhos mesmo (daí vai uma boa parte do pagamento de contas com a Eternidade), e aguardamos 45 minutos até o sol aparecer.

Foi ficando cada vez mais claro, cada vez mais claro...e nós aguardávamos feito crianças o sol surgindo dourado, lindo, naquelas águas que aparentavam muito claras. Quando já estava bem claro, surge o raio de sol! Mas nas nossas costas. O sol não nascia no mar. Imagina a nossa cara de Pastel de feira 5 e Meia da tarde.

Emputecidos, acompanhamos a chegada dos primeiros velhinhos à praia. E descobrimos uma dinâmica bastante interessante. Nas praias européias, como é de conhecimento geral, o Top Less é uma prática comum. Mas não sabíamos que os mais despudorados ficavam completamente nus (para se trocarem). Foi um festival de pelancas! Tinha pra todos os gostos! Caídas, plastificadas, murchas, recheadas, enfim. Dada hora resolvemos entrar no mar, que já parecia muito convidativo. Entendemos porque as velhas entravam usando uma melissa. Entrar no mar de pedras descalço, é pior que subir as escadarias da igreja da Penha plantando bananeira. É uma dor do cão! Mas entramos. E lá ficamos de molho por algumas boas horas. A praia encheu (nada digno de Janeirão no Guarujá), e começamos a ver os primeiros peitos jovens pipocando pelas pedras. Foi reconfortante. Os dois, dentro do mar, anunciando um novo top less como os mercados da bolsa. Até que teve uma hora que começou a ficar normal.

Eis que bate a larica-de-praia (A mais forte que já inventaram). Procuramos algum lugar baratinho pra comer um pingado qualquer, mas esquecemos que aquela era a Riviera francesa. Só tinham mega croissants com Capuccinos chiquetérrimos, etc. Acho que a praça que a gente escolheu pra mendigar era chique demais. Cheguei até a traduzir pra um dono de comércio: Pão com manteiga e café-com-leite (a pedido insistente do meu irmão). Mas não rolou. Gastamos os olhos da cara pra encher as panças. Encontramos nosso amigo, meio puto por dormir mal aquele jeito (e nós sem dormir),e fomos pra praia. Ficamos lá o dia todo. Andamos pra lá e pra cá, conhecemos um mendigo poliglota, demos mais uma procurada em hotel, mas logo percebemos que não ia rolar mesmo. Pelo menos podiamos tomar banho na praia, onde tinham chuveiros de água doce. Levamos o Lux Luxo, o Elseve de cabelos normais, e tomamos banho de verdade.

Descobrimos um lugar que fazia um Panini delicioso, grande, e com um preço justo (num espaço que era uma feira fixa lá...claro, muito chique). Foi isso que comemos durante toda a estadia. Café, Almoço e Janta de Panini. Não reclamo não, pois estava muito bom mesmo. À tarde, de banho tomado, deitei no colchonete na praça e dormi feito criança. E foi assim que ficamos lá por alguns dias...Os dois dormiam na praça (na grama mesmo) dividindo o único cobertor que, por sorte, levamos, e eu no banco detrás do Renaultzinho. Mijávamos nas árvores, e escovávamos os dentes no chafariz da praça. Claro que ainda estávamos putos, mas foi menos pior que a casa Londrina. No último dia, enquanto a mulher foi cantar na feira pra arrecadar o troco da viagem, nós fomos conhecer as cidades vizinhas famosas. Tentamos pegar uma praia em Cannes, mas era paga. Desistimos. Na volta pra Nice, encontramos a mulher lá com um radinho fubreca de fundo dando o acompanhamento e o tom (eu tenho certeza que acompanhava melhor que o radinho). Enquanto os dois foram comer, eu fiquei otimizando os negócios (pra ajudar, já que ela pagaria todos os pedágios e a gasolina para nós também). Segurei o radinho com cara de cachorro pidão, e volta e meia passava o chapéu para recolher os trocados. Tudo isto ao som de Carmem, de Bizet. Formou-se uma aglomeração considerável em volta dela, e nessa arrecadamos bem uns 300 e tantos euros em quase 1 hora. Fiquei abestalhado de ver como é fácil. Merda de europeus cultos que se importam com alguém cantando música clássica na praia.

Arrumamos as coisas, tomamos mais um banho público, resgatamos a mulher, e rumamos para a estrada novamente. A volta não teve nenhum elemento diferente da ida: muitos ais e uis, puta que parius, e um longo e arduoso caminho até a cidade luz.

Mas desta vez, ganhamos um savoir-faire de mendigagem que, indubitavelmente, ficará pra sempre em nossas memórias.

domingo, 5 de outubro de 2008

Cosas de mi vida - Parte II

Lá vai mais uma das andanças por aí. Te prepara que essa é longa.



Tínhamos que decidir se passaríamos alguns dias em Londres ou Casablanca, no Marrocos. Era época do Clone, então estava em alta o Marrocos. Mas mesmo assim nosso amigo advertiu que neste lugar não teríamos um local pra ficar, então deveríamos pagar um hotel, e caso fôssemos passear, teríamos que fazer as necessidades no deserto. Bolso vazio e bundas frescas nos fizeram optar por Londres.



Pobre que é pobre pensa num jeito de não se dar tão mal. Fomos num supermercado e compramos um monte de comida pra uns dias em Londres, pois assim não teríamos que gastar Euros pra comer em Libras. Sacolas e mais sacolas depois, enfiamos tudo no Renôzinho, e seguimos até Calais, norte da França, onde se pega o Navio (e nós esperando uma mísera balsa Santos-Guarujá) até Dover, cruzando o Canal da Mancha. Lá tivemos a primeira surpresa. O serviço, que antes custava 50 Euros pra por o carro lá, não importando quantas pessoas tivessem dentro, passou a ser 50 Euros por pessoas, mais 50 pro carro. Foi aí que já largamos o carro na rua, e adentramos, cheios de classe, carregando muitas sacolas de comida, dentro de um navio chiquérrimo. Eram tias a segurar seus cachorros e nós as malditas sacolas. A viagem foi meio conturbada, mar agitado e coisa e tal...mas chegamos em Dover. Já na imigração levei umas perguntas na orelha e quase fico de fora (sacoleiro, neste momento).



Entramos e ficamos sentados esperando horas a liberação de nossas míseras três mochilas. Depois de uns 40 minutos percebemos que estavam na esteira, já parada, do outro lado de nosso campo de visão. Levemente emputecidos, pegamos e fomos em direção ao trem (ao melhor estilo filme cult inglês) que vai pra Londres (por uma graça divina, incluido no preço do navio). Brasileiríssimos, entramos nas cabines de primeira classe (não tinha ninguém), e começou a farofada. Era queijo pra cá, pão pra lá, de dar inveja aos frequentadores de Praia Grande. Sonecas depois, a minutos de Londres, passa um fiscal e vem pedir nossos tickets. Percebendo que eram de segunda classe, deu-nos uma advertida, e nós, candidatos momentâneos ao Oscar de melhor atuação, fizemos cara de "Meu Deus!!!". Nessa hora, Elisabeth já era morta (porque Inês é em Portugal), já que a estação de Londres chegou. Descemos, pegamos metrô e fomos até a casa de um amigo do nosso amigo que ia nos levar pro local onde ficaríamos alojados. Era uma puta bicha louca...insana! Talvez, dado nosso cansaço, ele tenha ficado mais irritante do que qualquer bicha louca insana. Mas o melhor estava por vir.



Chegando no lugar, abriu-se uma porta em minha frente. Gente, juro. Nesse instante eu comecei a me arrepender de não escolher cagar no deserto. A primeira visão que eu tive foi de dois caras seminus em uma cama ao fundo do corredor. No chão, um tapete de uns 4 dedos de altura, mais 2 dedos de poeira, com gatos (uns três, que contei antes que meu cérebro liga-se o foda-se) correndo por ali. Automaticamente minha rinite aguda crônica se fez presente. Olhei a cozinha, que ficava à direita, e cantei os parabéns do aniversário de suas crostas de sujeira. Nisso, passa uma velha Polonesa com cara de louca varrida (depois vim a descobrir que ela era de fato louca), subindo as escadas que davam no aposento que eu e meu pobre irmão iamos ficar alojados.



Subindo (neste momento minha rinite já tinha levado meu nariz embora), visualizei o banheiro à direita, com alguns azulejos faltantes, e outra comemoração festiva para as crostas de sujeira (ainda mais animada!). Olhei pro quarto, minha última esperança de salvação, que seria nossa ilha dentro daquele antro. Mas não. Era um depósito da velha louca, onde ela trabalhava rapidamente pra retirar todos os seus entulhos, sem falar uma palavra e sem olhar nos nossos olhos. Eu particularmente tenho medo de pessoas que não olham nos olhos. Ainda mais sendo polonesa, e com cabelos brancos esvoaçantes, típicos que estampam capas de jornais criminais. Aí já estava mais do que claro. Cagar no Deserto 1, Nós -12. Ah, e tudo isto foi guiado pela bicha louca insana que soltava uns " isto aqui está meio caidão né, mas foi o que eu consegui pra vocês ficarem" entre passadas de dedos na cobertura de poeira. Ensaiamos uma saída noturna para as primeiras impressões, mas a típica chuva londrina nos fez voltar rápido (e molhados) à sede do inferno no Reino Unido. Deitamos (sem banho), comemos um pão cada um, e dormimos pra chegar logo a hora de sair de lá.



Dia seguinte, energias quase renovadas, saímos cedinho daquele lugar. Compramos um passe de metrô cada um(daqueles do dia inteiro), e fomos à luta. Neste dia conhecemos muita coisa de Londres! A London Eye, Tâmisa, Parlamento, Big Ben, Museu, Museu, Museu, Picadilly Circus, Queen's Garden (onde fizemos uma pausa para alimentação com os lanches preparados lá na masmorra). O ponto alto foi, sem dúvida, o Palácio de Buckingham! Paramos em frente, depois de um momento de apreciação, meu irmão grita: "Elisabeeeeeeeeth!!!", apontando para o prédio. Gente, juro. Pararam guardas (os de fora), carros, passantes, turistas, guardas (os de dentro), cachorros e tudo mais que passava por lá. Rimos com gosto de brasileiro que ri da cara de gringo inocente.

Chegado o momento em que a vibe "Dane-se, estamos em Londres" não possuia mais efeito sobre nós, resolvemos ir para a "casa". Chegando lá, tiramos no palitinho quem ia ser o primeiro a enfrentar aquela calamidade (que chamavam de banheiro). Ficou mais uma briga de "duvido". Decidimos, então, irmos embora pra Paris na tentativa de recuperar o resto de dignidade que nos sobrava. Deitamos, mais um dia sem banho. Acordamos no dia seguinte com as catingas dando sinal de força, passeamos mais um pouco em Londres, pegamos trem (primeira classe, de novo!), navio e chegamos em Calais.

Nessa hora o sentimento já era quase de desespero. Sabe aquela coisa meio Corrida Maluca ao Chuveiro, às camas limpas e a vidas normais? Justamente. Em Calais encontramos um Austríaco:
-Vocês vão pra onde?
-Pra Paris
-Vocês podem me dar carona?
(Reunião)
- Sim, contanto que você pague o pedágio (duros, o pedágio custava 20 euros).
-It's okay!

It's okay para aqueles cornos que foram no banco da frente! Eu, o Austríaco e as malas em um Renault me conduziram ao momento de maior apertamento na vida que eu tenho memória. O desgraçado dormiu, e eu fiquei lá mastigando minha raiva no Renault que ia pela chuva que Deus mandava. Chegando no pedágio, meu irmão cutucou o cara e disse pra ele dar o dinheiro do pedágio. Ele tirou 5 euros do bolso, deu pro meu irmão, virou pro lado e dormiu. Claro, idiotas! 20 euros dividido por 4 pessoas era 5 pra cada um. Nesta hora consideramos chutar o filho da puta do carro e dormiu. Vestimos a melhor máscara de trouxas, demos o resto do dinheiro, e continuamoso caminho.

Já em Paris, aquele desgranhento ainda pediu se dava pra deixar ele na Gare de L'est. Olhamos um pra cara do outro e consideramos deixar ele em qualquer biboca pra que fosse levado por marginais. Mas nosso resto de censo de humanidade não nos deixou fazer isso. Largamos o homem lá e só pensávamos em chegar em casa e tomar um bom banho.

Chegando lá foi quase uma final de SuperBowl em Nova York. Só faltamos dar rasteira uns nos outros pra ver quem chegava primeiro e ter o prazer de se lavar em 3 dias. Acabamos com a reserva de água quente...mas eu tomava banho nem que fossem águas das geleiras do Himalaia.

Reconstituidos, mas ainda traumatizados, dois dias depois fomos convidados a irmos pra Nice, no Mar Mediterrâneo, sul da França...mais atraente impossível. Topamos. Mas essa vai ficar para o próximo post.

Blasfêmia Oral

Andei lendo sobre essa reforma ortográfica, e fiquei meio puto. Li um texto do Diogo Mainardi (não sei porque ainda o faço) achando lindo o fato de pessoas na África entenderem tudo que ele escreve daqui do Brasil (coitadas...antes ficassem sem entender, mal sabem as asneiras que as aguardam!).

Mas eu não. Fiquei puto mesmo! Não acho lindo coisa nenhuma. Além do que esta decisão foi tomada por todo mundo que fale português, menos o Brasil, decerto. Só a gente saiu perdendo trema, acento agudo, circunflexo e o escambau. Porra, já que a idéia é unificar a língua portuguesa, manda algum representante daqui também pra defender nosso jeitinho! Tá parecendo que vamos ter que chupar essa manga sozinhos!

Justo nós! Brasileiros! Pra quem não sabe, o Brasil é o país onde se tem o maior número de lusófonos na Terra (quiçá no Universo!). E levamos uma boa enrabada aí.

Tá certo...pros pimpolhos que ainda vão ser alfabetizados é tranquilo (sim, sem o trema). Agora...e nós??? Pobres diabos da Gramática provinciana?! O Pasqualão deve estar roendo os cotovelos de raiva. Bom...acho que ele não...já deve estar decorando todas.

Pensa em um vôo sem acento! Ganhamos, por outro lado, o K, o W e o Y...e com isto Kelly Key foi a mais beneficiada (ela não quis comentar o assunto). O pobre trema, que fazia a linguiça ter mais sabor, dessa vez caiu mesmo. Geleia, ideia e asteroide, por exemplo, agora são grafados desta forma. Sem acento agudo!!!! E por aí vai. Esta epopéia (ou seria epopeia) sem fim! Isto sem contar os hífens, que aí já vira uma putaria completa.
Vê se alguém acatou minha útil sugestão de unificar os Porques! Nãããããããããããão, é claro que não. Ainda temos QUATRO JEITOS DE PERGUNTAR, mas não podemos por uma merda de um circunflexo nas letrinhas repetidas.

Agora eu me pergunto: Será que os filhos das putas dos Portugueses e dos Africanos não entendiam quando alguém escrevia "paranóia"??? Ficavam pensando "Putaquelparil, ó pá! Que será que querem dizer os brasileiros com isto?!". Tô começando a achar que quem inventou essa coisa toda foi um português!

Balanço Final: Não vejo a hora de começar o próximo Soletrando, do Huck. O pau vai comer!

PS: Segue o link abaixo das dicas preciosas da Michaelis pra quem quiser se aventurar a aprender o mais novo jeito de se dizer velhas coisas.

http://michaelis.uol.com.br/novaortografia.html

Sobre cabelos e bairros Novaiorquinos

Pouco depois da Canal St.

-Olhaaaaaaaaaaaa (com ares de Cristovão Colombo)! Será que tem Soho no Soho?????????
¬¬
- Que é esta cara?
- O Soho teve origem no Soho.
-Ah...(com ares de puta que me pariu)

Cosas de mi vida!

Tem algumas histórias de viagens da minha vida que quem me conhece já ta careca de saber...mas resolvi postar aqui pois são muito boas e não se perderiam no tempo/espaço desta forma.

Estava em Paris andando de patins (sim, sim...eu sei) quando de repente cai uma chuva de fazer inveja à da inauguração do tunel da Marta. Resolvi pegar o metrô assim mesmo e ir pra casa.

Eram umas 5 da tarde, o trem não estava cheeeeeio, mas assim que adentrei o vagão, me vi sem lugar para segurar. Não seria um problema se eu não estivesse com os patins. Sim, eu estava.

As portas fecharam, meu desespero se justificou. O trem começou a andar e eu a ir pra tras...
Antes tivesse caído de bunda no chão, que assim a francesada toda ria da minha cara e acabou.

Mas eu fui indo mais e mais ao fundo, já adquirindo uma velocidade considerável...

Eis que no final do trem encontra-se uma velhinha esteriotipadamente velha. Corcundinha, cara de francesa mal comida, e agarrada a um pau-de-sebo (como eu chamo carinhosamente aqueles ferros onde deveríamos segurar). Conclusão: Eu bati de costas com ela, e comprovei na prática várias leis da física: Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, uma velha não é a melhor forma de parar algo em velocidade e, principalmente, velhas francesas fisicamente agredidas ficam muito, muito putas.

Fim do jogo: Eu caido de um lado do metrô, rindo até desmaiar, a velha, caída do outro xingando até os primatas que evoluiram até mim, e muita gente com cara de "que grandissíssimo filho da puta".

Descobri, neste momento, porque é proibido entrar com coisas que tenham rodas no metrô de São Paulo.

Da série odeio...

Outro dia fui pegar um busão na Augusta pra descer ruas-chiques-abaixo e chegar na Cidade Universitária. Ô tarefa ingrata. Passar diariamente de busão pela Av. Europa é tortura. Me sinto o cachorro em frente àqueles giradores-de-frangos. São Lamborghinis, Ferraris, Mazerattis, Porsches...e eu dentro de um exemplar da Caio, pagando meia passagem.
Mas seguinte é esse...Estive todo pimposos no ponto esperando o famigerado "Cidade Universitária". Mas descobri que as pessoas são possuidas pelo demo quando o referido se aproxima! Não é possível! Aquelas carinhas de inocentes num piscar de olhos se tornam capetas em forma de guris ( MALLANDRO, Sérgio) e ficam mirando onde vai parar a porta!
Feliz ou infelizmente, neste dia a porta parou na minha cara, e eu me dirigi à mesma com o intuito de adentrar o bus. Mas puta que o pariu! Um cara me ACOTOVELOU pra entrar na minha frente! Nesta hora eu juro que pensei tanta coisa junto, que me deu até um piripaque interno. Que viado é esse que num pode correr o risco de ficar em pé?! Que merda de cultura da vantagem é esta onde se estapeia (ou acotovela, no caso) pra ficar sentadinho?! Que porra de país é este que eu tô vivendo onde não existe civilidade mínima?! E por aí vai (acreditem, eu suprimi MUITAS palavras feias que me vieram à cabeça).
Olhei bem nos olhos daquela múmia sentada passando a mensagem explícita: Vai tomar no cu seu filho de uma puta de merda.
Acho que ele entendeu: Você roubou meu primeiro lugar no ônibus! Da próxima vez te dou um murro na boca.
Entendida a mensagem ou não...me fez pensar que, mais do que barulho de boca, eu O-D-E-I-O a falta de civilidade.
Bom...preciso por uma boca mastigando do lado de alguém jogando o lixo no chão pra decidir o que eu odeio mais...
Aguardem em breve a decisão final!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Quando a luz dos olhos meus...

Tem uma coisa, que eu posso fazer workshops internacionais, mestrado, pós-doutorado, MBA com Bill Gates e Steve Jobs juntos, mas ainda assim não vou aprender a fazer bem: Conversar com vesgos.

Eu sei que é uma puta mancada eu estar falando isto aqui, e nem acho legal ficar tirando uma com defeitos dos outros...mas tenho CER-TE-ZA (soletrado, pra afirmar uma certeza grande) que incontáveis pessoas no mundo também não o sabem.

Primeiramente o grande dilema: Para onde olhar? Existem dicas...como "olhe para o que está olhando para você", ou ainda "não olhe em nenhum, mire no meio dos olhos"...mas sabemos todos que nada disto é efetivo. E o olho que chama mais atenção do que tudo, é aquele mais comunista, libertino e revoltado.

O segundo dilema é: Como se concentrar no que estas pessoas falam, se você não sabe sequer pra onde olhar? Não dá!!! Um vesgo pode passar o número de sua conta bancária com a senha, que ninguém vai saber! Todo mundo fica tão preocupado em onde olhar, e também em não parecer estar incomodado, ou ainda não deixar o vesgo perceber que fitamos exatamente o olho atordoado, que qualquer informação que saia de dentro da boca de um deles, se torna incompreensível!

Por isto divido minha frustração em não saber em que olho confiar. E os estrábicos que me perdoem...prometo que olharei para o céu da próxima vez.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Really Short!

Agora que resolvi sair da vida sedentária (antes que meu sofá crie um buraco com o formato de minha bunda) vivi um dilema, dias atrás. Sim, porque existem dois tipos de shortinhos ridículos para correr: aquele que é meio folgadinho, só que mais curto que os da falecida Carla Perez (é...a original...aquela do Gera Samba, morreu no bisturi já faz alguns anos), deixando toda a branquidão das coxas à mostra, ou então aquele mais compridinho agarrado, que marca até o fiofó.
A partir disto, suas variações...porque tem gente que quer usar o curto, mas envergonha-se das coxas, e quer usar o longo, mas envergonha-se de sua explicidade. E aí usa os dois sobrepostos, que é quase mais ridículo que os dois separadamente.

Estava eu na Centauro (uma loja aí de artigos esportivos que eu só costumava passar em frente) tomado pela angústia desta decisão. Como minha forma não permite pensar muito, peguei o curtinho larguinho. Mas esta é uma daquelas decisões que você pode escolher qualquer um, pois, assim que vestir, pensará imediatamente que foi um grande engano. Portanto, é abraçar o capeta já que se encontra nas imediações do inferno.

Mas então chega o dia em que você não estará mais a sós dentro de um provador silencioso. Tem que encarar a realidade, vestir o shortinho, e dirigir-se a algum lugar público. Sorte que existem parques cheios de pessoas fitness, que também portam estas mesmas indumentárias, e não podem rir uns dos outros. Quão ridículo eu fiquei é indecifrável. Eu me dobraria em uma sarjeta qualquer para rir de mim mesmo. Talvez esta seja uma boa escala de medidas...

E foi neste momento que eu pensei: Ai Deus...o que será que está passando no TV Fama?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sonho...meu?

Bem...depois que postei aquele meu sonho aqui (sobre o encontro evangélico), não param de me acontecer sonhos bi-zar-ros (sim, eu sei separar sílabas, HA!).
O primeiro foi que meu tio, japonês original de fábrica do Japão mesmo, de uns 70 anos, ganhou o American Idol. Foi um dos momentos mais estranhos. Eu estava na Platéia segurando uma placa tipo "Ariga Rulez!" e torcendo insanamente por ele que fazia uma performace de deixar o cara mau humorado do American Idol com lágrimas nos olhos. No mínimo assustador.

O outro eu estava em uma casa X que era a minha mas não era a minha (sabe essas coisas?). Aí aparecia um raio de uma mariposa (não aquelas mariposinhas...MARIPOOOOSA mesmo...grande e marrom que supostamente soltam pós cegantes).
A desgraçada ficava lá e ia pra outro lado e voava sem parar e eu sem conseguir apanhá-la. Foi um cu pra conferir, como já diz minha madrinha.
Quando eu consegui, segurei pela asa, e era gorda e mole. Tenho aflição nas pontas dos dedos indicador e dedão até agora só de lembrar daquela situação. Só sei que a hora que apertei o despertador tocou e me salvou daquela nojeira toda.

Joguei no bicho e não ganhei nada.

sábado, 6 de setembro de 2008

Leve Leite

Em plena campanha à prefeitura de SP lembrei do Leve Leite do Tio maluf. Ai, como seria bom se alguém me trouxesse uns leitinhos de vez em quando. Não aguento mais ter que ir ao Pão-de-Açucar-Enfio-a-Faca-Mesmo-e-daí pra buscar meu alimento lácteo.

Acho que Maluf tem meu voto....

Sonho meu...

Que todo mundo tem sonhos bizarros, não é novidade. Agora o sonho que eu tive semana passada, foi ridículo. E vou contar a história a seguir.

Sonhei que estava com uma amiga praticamente atéia em uma convenção dos evangélicos em algum lugar dos Estados Unidos. Nós estávamos em volta de uma piscina muito muito muito grande, do tipo Michael Phelps ganha ouro. Na ponta, sobre um palco montado, estava uma mulher que foi minha chefe quando morei nos EUA, uma velha sapata, frustrada, que só fazia encher meu saco. Acho que ela não era protestante, nunca vi nenhuma sapata concordando muito com o R.R. Soares. O caso é que eu e minha amiga perguntávamos insistentemente (tudo em um bom inglês) coisas que punham em cheque toda a moral e o bom costume tradicionalista dos protestantes.
A coisa foi ficando tensa...e a mulher, vestida com uma farda meio Hitleriana, começou a gritar: Killlll themmmmm! Killlll them aaaaalllllllllll (com um ar pra lá de assustador). Daí os losers foram nos arremessar na piscina e caíram também. E virou uma mega confusão...do tipo umbral molhado...ou as provas da banheira do Gugu, só que numa versão mega e com a piscina cheia.
Quasemorri afogado e acordei sem ar.

Puta que pariu...vai ter sonho escroto assim lá na Califórnia.

Fim!

Da série odeio...

Se tem algo que me irrita também é molhar a barriga na pia. Vai tomar no cu. Pra começar, você está na pia porque está provavelmente lavando louça, o que por si só já é algo suficientemente irritante e desagradável. Tá. Posto isto, molhar a barriga na pia, além de te demonstrar com todas as letras e um safanão na orelha que sua barriga está maior do que deveria, te deixa molhado, absolutamente gelado, e inevitavelmente atrairá olhares de pessoas que você não se orgulharia em apresentar uma poça na camiseta. E a camiseta sempre é aquela que você escolheu a dedo. Ah, não adianta secar. Esta água quando entra em contato com a camiseta se torna imediatamente insecável.

Conclusão: É uma Lei de Murphy completa! Puta que pariu.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Prazer Momentâneo o caralho!

No livro Memórias Póstumas de Braz Cubas, Machado de Assis sugere, por meio de seu personagem, que alguns prazeres cotidianos são inigualáveis, como por exemplo vestir sapatos apertados e depois tirá-los ao final do dia. Além de ser meio sadomazo esse conceito, eu tenho certeza que ele nunca teve um All Star de couro.

Vai apertar assim a mãe do Senhor All Star. Tá...talvez este seja um nome fictício...Mas ele entendeu a mensagem. O meu sonhado All Star branco de couro (sonhado porque custava mais do que eu achava justo...então por longo período evitei de comprar. Mas dái o preço só subia com o passar do tempo, então resolvi comprar antes que passasse de injusto a ridículo) é quase inutilizável. O primeiro dia me proporcionou machucados no calcanhar de dar inveja a qualquer sapato novo. E aí esses machucados prolongam sua existência ao infinito, sempre refeitos à medida que as pessoas me dizem "Vai usando que laceia" e eu caio nesse golpe. Pra começar quero dizer que não vou falar o que laceia com o uso (tão umido e escuro quanto você deve estar pensando) . Com certeza não é aquele All Star.

Então, passei de uma relação de amor para uma relação de ódio. E como não sou tão sadomazo quanto Machado, estou quase desistindo dele. Não adianta algodão, gaze, band-aid...NADA. Tudo sai em 5 minutos. Vou aguardar estas feridas se curarem até o fim, depois tento de novo. Próximos capítulos da novela, você só confere aqui, no Blasfêmias. Ou não...acho que só queria blasfemar o tal do All Star!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Porqueeeeeeeee?

Uma coisa na vida que eu nunca consegui assimilar foi o uso dos porquês. Nunca entendi quando tem que usar o porque, o por que, o porquê e o por quê. E pode explicar, que 10 minutos depois eu não vou mais lembrar. Diferente de todas as letras de música do Chitãzinho e Xororó, que lembro de cor e salteado até hoje. Infelizmente.

Portanto, para padronizar, escrevo sempre "porque". O mais basiquinho, bonitinho, juntinho, tchutchuquinho. Sempre vai ter uma merda de um professor de português (por isso que eu prefiro os linguistas. São mais roots. Entenderam a mensagem, se contentam) pra contestar o que eu estou a dizer neste momento. Mas que é uma puta de uma viadice ficar escrevendo o porque de várias formas, isso é.

O coitado do trema, que dava sentido à lingüiça e à tranqüilidade, caiu....e estes 4 porques idiotas continuam aí...sem ninguém sequer cogitar escrever de uma forma só 4 coisas que tem a mesma finalidade.

Dá-lhe Pasquale.

¬¬

Pêlos, pra que tê-los?

Outro dia estava reparando em uns pêlos que saem deliberadamente de meu nariz e emendam-se (não menos deliberadamente) com os do bigode. Ou seja, tô fudido. Não sei se entorto a cara e raspo junto com o bigode, ou deixo pra tirar com a pinça ( o que faz equivaler, facilmente, à dor do parto normal de trigêmeos siameses grudados pela pélvis).

Então fiquei pensando: Porque caralhas a evolução natural não dá conta dessa merda? Já fez tanta coisa por nós! Eu, se pudesse, trocava ter o apêndice feito uma bexiga inútil pelos pêlos do corpo. Me sinto meio homem-das-cavernas tendo pêlos para proteger do frio que nunca vem (Hemisfério Sul 1, Alaska 0). E o aquecimento global? Daí menos ainda!!! E mesmo que venha, já inventaram blusas, casacos, luvas, tocas, chales, cachecóis, calças flaneladas, meias de lã tripla e inúmeros outros artifícios que possam bloquear o contato da pele com o frio. E ainda que não tivessem inventado, duvido que meia dúzia de pêlos no mamilo me salvassem da extinção. E os do sovaco então? Sempre vira alguém e fala: Ahhh, mas os do sovaco servem porque estão numa dobra? Grande merda! Se fosse assim precisaria ter pêlo na dobra do cotovelo, atrás do joelho. Inútil.

Então, a partir do momento que não fazem sentido quero protestar. Reclamar com o setor responsável pelos pêlos. Pronto...falei!

Da série Odeio...

Sabe quando a gente odeia do fundo do coração, forte mesmo, coisas idiotas? Nossa, sou capaz de infartar de ódio, por exemplo, quando cai algo do suporte do chuveiro no banheiro quando estou tomando banho. Me dá um ódio que se tivesse uma metralhadora, saia pelado atirando em tudo que visse. Aliás, ainda bem que é difícil de comprar armas no Brasil, já dialogava eu outro dia.

Destas coisas estúpidas, tem uma que eu mais odeio. Mas não é um ódio normal. Me dá até palpitação no coração de tanto ódio: Barulho de Boca. Puta que pariu ao cubo! Como me irrita barulho de boca. Comer de boca aberta, fazer barulho com a boca enquanto dorme (alguém sabe do que eu estou falando...), barulho de boca bebendo líquidos, barulho de beijo de língua...quaisquer barulhos que a(s) boca(s) faça(m) (digo a boca mesmo, não as cordas vocais, evidentemente. Porra, daí eu seria louco. Não posso escutar alguém falar que já me palpita o coração? Tava morto há tempos. Ah! Assovio não conta também. Porra, todo mundo sabe o que é um barulho de boca.)

Aquela coisa" minhac minhac" (não sei fazer a onomatopéia disso) me tira do eixo....descontrola, e deixa sucetível a terminar relacionamentos, agredir pessoas e arrepiar os pêlos de ódio.

Pronto....falei!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Estatística

O que fazer quando seu professor de estatística, de 70 e tantos anos, se deita como tigresa na mesa ao invés de dar aula?

"Bom humor" matinal

Realmente não consigo entender pessoas felizes às seis da manhã! Principalmente numa sexta-feira!!
Eu saindo para trabalhar, com aquele sono desgraçado após dormir míseras seis horas (isso se não foi menos porque ficamos conversando até sabe-se lá que horas) e cansaço acumulado de uma semana inteira de trabalho e "estudos", e me vem um cara aqui do prédio sair junto para "aproveitar a carona" (a pé!!) - disse ele. E me perguntou coisas da faculdade, do trabalho, do porquê de eu sair aquela hora e só chegar tão tarde e isso, e aquilo, e aquilo outro. E eu só pensando em como minha cama estava gostosa e quentinha.
Nesses meus minutos matinais, da subida de dez minutos até o metrô, eu aproveito para estar sozinha, refletir, respirar fundo e me acalmar para mais um dia de estresse e aproveitar que a rua é só minha, o vento é só meu, o tempo é só meu.
Aí é aquela coisa: se eu apressar meu passo me estresso - porque não é hora para aquilo - e se eu diminuir o ritmo posso me atrasar. Então tenho que aguentar calada, soltando um ou outro sorrisinho até acabarem os quatro quarteirões que me separam do infernal metrô.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Lulu

Sabe que teve uma época duradoura da minha vida que eu gostei do Lulu. Até hoje, confesso, ouço algumas músicas e me identifico....como uma parte musical da minha vida.
Mas vai ficar chato assim na casa da mãe dele. Puta que o pariu. O Lulu Santos tornou-se, em um longo e arduoso processo, um nojo de pessoa. Nem reconheço. E escuto as músicas dá vontade de vomitar num potinho e mandar via Sedex 10 pra ele.

O primeiro chilique que eu vi ele dar à toa foi no Programa do Jô. O cara tava lá, começou a cantar uma música e o auditório a bater palmas. Eu concordo, vai ser chato aquelas palminhas na puta que os pariram. Sempre me irritou. É síndrome de Auditório bater palma. Me lembra instantaneamente o raul Gil e seu microfone dourado. Mas não precisa esculachar né. O cara PAROU DE TOCAR, falou: Ô gente, vamos parar com essa palminha que é muito chato. Não tô cantando Parabéns pra Você! Escuta um pouco que é bom também.

Nossa cara. Fiquei puto com aquilo! Não acreditei no tamanho da chatice dele. Até parece que está tocando a 5ª Sinfonia de Bethoven! Eu na hora levantava e mandava um sonoro "vai tomar no cu sua bicha velha"! Que aliás é outra coisa que me irrita. Ele ser uma bicha velha. Bicha velha pe muito irritante. Já passou da idade...É como querer andar de skate, brincar de corda, ir num show dos Titãs (apesar que em cima do palco a idade não é muito diferente). Já deu.

Daí estava eu lá em casa outro dia assistindo o prêmio (sic) Multishow (que teve como consagrado da noite o NX Zero, demonstrando a ausência de seriedade do evento). Todo ano tem um homenageado...e adivinha quem foi o dessa noite? Ó próprio. Cacete, era só o que faltava pra porra do saco dele estourar. E o filho da puta ficou fazendo uma cara de bicha-velha-blasé, o que é mais irritante ainda que a bicha-velha por si só. No fim subiu no palco e disse só estas humildes palavras a seguir: Quer saber? Eu mereço.

Entende agora a história do vomito no Sedex 10? Deixa eu descobrir o endereço dele e também mando um cocô.

Abraços carinhosos...

Victor