quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cosas de mi vida - Parte VI


Bom, então eu estava numa desgraça mexicana em plena América. Sem emprego, quase sem dinheiro, com a polonesa me ameaçando cobrar pelos carros que bati, e sem perspectiva de um Natal feliz que se aproximava. Por um milagre divino, a agência de intercâmbio me arranjou tudo pra mudar em dois dias. Compraram passagens aéreas, confirmaram com o empregador novo da Flórida, e já tinhamos até quem nos buscasse no aeroporto quando chegássemos. Um chuchu.

No dia anterior empacotamos todas as coisas, limpamos bem o apartamento, fomos andar pela cidade pra tirar as fotos que ficamos de tirar depois (esta acima é uma delas), mandamos o último postal pras respectivas famílias, ligamos reservando o Táxi para a manhã seguinte, e tiramos fotos do apartamento (para garantir que a vaca polonesa não ia quebrar tudo e mandar a policia nos prender). Só que tinha um detalhe: Ela não podia saber que iríamos embora. Porque os outros poloneses ilegais que fizemos amizade e eram agenciados dela, disseram que ela era auma pessoa perigosa, e que seria melhor não contar nada porque eles não sabiam do que ela seria capaz pra nos segurar lá. Cagados, resolvemos sair na surdina. Deixaríamos a chave com uns chilenos azarados que também eram agenciados dela (e ainda não tinham conseguido fugir de lá) e um lindo bilhetinho de adeus.

4 da manhã acordamos, pois o vôo saia às 6:00. Arrumamos tudo e fomos pra porta com todas as bagagens esperar o taxi (marcado pras 4:40). Enquanto uma japa ficavan a porta com as coisas, eu fui com a outra lá no prédio dos chilenos (a pouco mais de um quarteirão de casa, esta da foto ao lado) deixar a chave e o bilhetinho pra polonesa (com um Merry Christmas no fim, como eu já disse no outro post, substituindo um sonoro "morra"). Teria sido fácil, se eles não estivessem dormindo. Tocamos o interfone até o dedo cair, mas ninguém atendeu. Entramos pela saída de emergência e tocamos a campainha até uma acordar e vir buscar. Falamos tchau e fomos embora. Neste momento chovia torrencialmente, e nós já ficamos encharcados. Estaria tudo bem se a temperatura exterior não fosse 1 grau. Ficamos, então, na porta do nosso prédio congelando, esperando o táxi chegar. 5 horas da manhã e nada. Já estávamos ficando putos, quando resolvemos ir no orelhão ligar pra porra da garagem de táxi. Juntamos as moedinhas, e fomos até o orelhão ligar (que era em frente o prédio dos chilenos = Toma mais chuva).

-Por favor, eu reservei um Táxi pra East Broad Street (esta rua da foto abaixo) às 4:40 e ainda não chegou!
- Está no caminho.
-É um carro grande? Temos muitas malas!
- Sim. Está chegando.

5:20 e nada. Juntamos as últimas moedinhas que tínhamos, voltamos pro orelhão:

-Meu queridoooooooo! Eu vou perder meu vôo!!!! Cadê a porra do meu táxi da Broad Street???????
- Está no caminho, senhor!(odeio quando me chama respeitosamente quando já estão cagando na minha cara)
- Se eu perder a merda do vôo eu vou aí e acabo com a raça de vocês! Vocês vão me pagar a passagem de avião, entendeu?
- Senhor eu já disse que está no caminho.

5:30. Chega um táxi que não cabe nem as minhas malas sozinhas. Que dirá a de todo mundo. Eram 3 malas de viagem internacional! Mais as malinhas de mão. Mandamos o cara embora pra ir buscar outro carro. Nessa hora tentamos acordar os poloneses pra ver se eles não levavam a gente pro aeroporto. Ilegais, estranharam pessoas batendo na porta deles às 5 da manhã, e não abriram. Não adiantou gritar, dizer que éramos nós. Ouvíamos os movimentos, mas nada. Desistimos

Corremos então pra avenida principal, embaixo de chuva e com 1 mísero grau celsio nos congelando, e pulamos feito chitas no cio pros táxis que passavam. Ne-nhum parava. 5:50, esperanças acabadas, para um indiano com um carro do exato tamanho do anterior.

-Precisamos ir pro aeroporto urgente! Temos muita bagagem!
- Vamos, eu levo vocês!

Pusemos toda a bagagem que lotou fácil o porta-malas. Daí sobrou pro nosso colo, nossa cabeça e até o colo do motorista. Chegamos 5:55 no aeroporto de Columbus. Fomos pra Southwest fazer o check-in. Nossas malas estavam com excesso de bagagem. Mais uma vez a mulher fala: Vocês estão 15 pounds a mais. Tá. O que é 15 pounds?! Você saber que tem que tirar 3 quilos, dá-se um jeito. Imagina quanto deva tirar. mas e 15 pounds???! Tiramos as comidas e jogamos todas fora. Ainda estávamos acima do peso. Jogamos pratos de plástico, talheres. Ainda! Lembro que joguei a toalha bordada da mãe da Japa minha amiga (que ela não me perdoa até hoje por isso). Ainda estava acima. Resolvi tirar minha necessaire lotada pra levar como bagagem de mão. Quase. Ainda tirei mais uma ou duas coisas que gostava. Pronto! Ufa!!!

Corremos muito! Daí tem uma barreira maior que olimpíadas. Passa por um, dois, três quaaaaaatro seguranças! Tira roupa molhada, tênis, meia, tudo! Põe tênis, roupa molhada, meia e tudo mais.

-Vcoê tem líquidos dentro da sua bagagem de mão. Vai ter que jogar tudo que for mais de 100 ml fora.

Idiota. Esqueci dessa merda de lei dos líquidos! Maldito terorista que foi inventar de fazer bomba líquida. Que idéia filha da puta! Simplesmente TODA a minha necessaire foi pro lixo. Meus shampoos, remedinhos, remediões, homeopatias, desosodorantes...tudo. Ainda pedi pra passar o desodorante antes de jogar fora, mas o cara não deixou. Dane-se. Corremos, e chegamos com a porta já fechando. No finger, lembro que bati o pé e falei:

-Que toda esta zica fique aqui!

E tinha que ficar MESMO. Porque o avião tinha hélices. Ou seja, dos tempos que o Indiana Jones ainda não era gagá. E a zica ficou lá mesmo. Chegando em Miami, nossa vida ficou sensacional.

Daí em diante as fotos falam mais do que as palavras...

Agradecimento

Sabe que na minha família todo mundo tem um talento. A maior parte dos meus primos e irmãos mandam bem com música. Cantam, tocam, entedem, discutem. Eu me ponho a ouvir, mas nunca ousei tocar porque minhas mãos não nasceram pra fazer coisas que requerem fino trato. Acho que as mãos do Playmobil são mais habilidosas que as minhas.

Então eu resolvi escrever. Sempre me falaram: "Nossa, como você escreve bem!". E eu nunca dei muita atenção. Pensava mil bobeiras, mas ficavam guardadas nas profundesas de minha mente frustrada por não saber tocar nem cantar. E aí saiu o Teco, meu outro blog societário que é meu xodó. Mas ainda assim eu não me sentia livre pra escrever as besteiras e idiotices das profundezas da minha mente que alguns poucos que conheceram se arrependeram (coisas xulas). O Teco é profundo, eu só queria blasfemar! Por isto fiz este de onde vos falo.

E depois de alguns meses já no ar, tenho recebido vários elogios advindos de esferas diferentes da minha vida. Uns por e-mails, outros por comentários alheios, outros por telepatia...enfim! Quero agradecer a todos que entram aqui e lêem minhas coisas. Sei que muitas vezes são coisas longas...hehehe. Mas obrigado mesmo. Ah, e se puder deixar um comentário qualquer..., nem que seja um singelo "vai tomar no cu"...é bem motivador. Pelo menos tenho a leve sensação que não estou escrevendo pras paredes.

Obrigado mais uma vez!

Abraços

Victor

sábado, 22 de novembro de 2008

Crônica da Educação

Texto profano perdido no meu Blog profundo:

Eram 7 da noite passadas. Estava exausto por conta de um contato forçado com a natureza que me levou a um trekking muito cansativo. Ainda mais sendo contra a vontade. Mas no fim foi legal. Mas isso não vem ao caso. Estava de pé desde as 7 da manhã...coisa que já não é de meu agrado...notívago por natureza (com o perdão do trocadilho), assumido. Aliás...por quê todo evento de contato com a natureza tem que ser de manhã? Que saco! Poderiam me deixar dormir e fazer isto durante a madrugada...acompanhada de violões, uma fogueira...bom, também não vem ao caso.
O fato é que depois de um dia extremamente fatigante (ainda tive que correr para dar tempo de estar no metrô naquela hora, a fim de pegar um ônibus, viajar e me libertar do excesso de gente da capital) eu peguei a última cadeira marronzinha livre, junto à minha enorme mala. Isto me faz pensar que preciso aprender a fazer malas pequenas. Mas também não vem ao caso. O caso foi que no auge do meu cansaço e esgotamento, entrou uma senhora no vagão do metrô. Eu estava ouvindo música, mas fiquei olhando se nenhuma das outras pessoas inúteis que estavam sentadas no assento reservado a idosos, deficientes, pregnants e afins se levantariam. Mas nada. A menina com cara de bode fingiu que não viu a pobre senhora e continuou a lixar as unhas. O cara do lado dela estava dormindo...ou tentando estar para não ter que dar seu lugar.
E as rugas da velha senhora, velha mesmo, pareciam se aprofundar...As mãos, já calejadas por tanto sofrimento da vida, seguravam na barra de ferro tão fria quanto as pessoas que a rodeavam. E aquela sensação estava me matando! Não poderia mais ver aquilo e continuar sentado, apesar de todo meu cansaço. Resolvi levantar. Peguei a mala gigantesca e apontei o lugar para a senhora. Ela olhou e disse:
- Não precisa não filho, senta aí.
E eu respondi:
- Não, por favor, sente.
Ela dirigiu o seu olhar para o lugar (o qual eu me encontrava de costas) e disse:
- Ah, obrigada mesmo assim.
Quando eu olho para o lugar, me deparo com uma menina, de uns 23 anos, lendo sua "Vanity Fair" semanal, sentada de perninhas cruzadas no lugar que ofereci à senhora. Gente, juro. Neste momento todo o cansaço do dia me subiu à cabeça e, não sei como e nem por onde, cutuquei a menina e disse:
- Ô minha filha! Eu não dei o lugar pra você, dei pra senhora ali!
Ela olhou com um olhar blasé e perguntou pra senhora:
- A senhora quer sentar?
E a pobre senhorinha respondeu com a mesma calma de antes:
- Não, pode ficar...
Ela olhou pra baixo e voltou a ler sua revista.
O cara que estava do lado riu baixo e deve ter pensado consigo: "Puta que pariu, que mundo cão!"
E eu fiquei de pé, segurando a mesma barra fria que a senhora segurava, em silêncio, com a mala enorme entre as pernas...e com a cara de idiota que Deus me deu especialmente pra estes momentos.
Desci na minha estação e ela ficou lá na cadeira lendo a "Vanity". Como eu odiei aquela vaca. Como odiei sua falta de escrúpulo, educação, sensibilidade, noção...falta de tudo! Da próxima vez jogo a velha na cadeira. Faço uma revolução! Queimo todas as "Vanity's Fair's" da banca. Arranco o couro da menina da revista e frito uma pururuca ali mesmo na frente dela, com o óleo de pastel velho. Dou uma voadora no cara que riu da situação. Ou rio junto com ele e digo: "Puta que pariu, que mundo cão!".
Pensado bem...foi só uma cadeira do metrô. Nem merecia uma crônica. Mas minhas pernas ainda doem.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A Cigarra

Minha mãe contando:

Estava passeando outro dia na chácara, e vi a casca de uma cigarra grudada numa árvore. Na hora pensei: "Hum, vou levar pro Lucas ver!" (Lucas é meu sobrinho, neto da minha mãe, de 3 anos). Não tive dúvida, peguei.
Chegando em casa já tomei uma frustração na cara, porque estava em cima do móvel uma outra casca de cigarra. Ou seja...alguém já teve esta brilhante idéia antes de mim.

Mesmo assim resolvi mostrar, porque quem pegou a outra pode não ter mostrado (e não tinha mesmo).

- Lucas, vem aqui ver o que eu trouxe!

Mostrou a casca da cigarra.

- Você sabe o que é isso?
- Sei. Exoesqueleto, Vó.

Quase engoli a cigarra.

domingo, 16 de novembro de 2008

Êêêêêêêêêêêêêê

Este Post tem o intuito de discutir e desvendar o mistério que ronda fotos, sejam elas familiares, de amigos, churrascos, bêbados, sóbrios, independente da classe social, raça ou (ui) credo.
Eis a questão: Porque toda vez que tira-se uma foto com mais de uma pessoa, a maioria tende a falar um "êêêêê", extenso, sem raízes lógicas, nem profundas emoções?
A que remete este sinal de alegria momentânea pífia?
Quais são os aspectos psico-econômico-sócio-culturais contidos neste gesto, freqüente neste momento?
É ilógico, repetitivo e cíclico. Que mistérios rondam o "Ê" depois da foto?

sábado, 15 de novembro de 2008

Duplo Twist Carpado

Em uma conversa bem analisada há pouco, chegamos a uma conclusão, meu primo e eu. Cara, a troco de quê uma pessoa faz ginástica olímpica?
De começo ela vai virar um toco de gente desproporcional e feio. Superada esta fase de auto-aceitação futura, ela começa a treinar. Não tem incentivos do governo nem de porra nenhuma. Treina feito uma vaca velha, pula que nem macaco. Não ganha competições importantes. Estoura todos os músculos, articulações, ligamentos, nervos e etcéteras, com 25 anos não presta nem pra esfregar chão.
Tá, e nas competições? A menina faz aquele salto perfeito, de cair o cu da bunda, vira a comentarista e fala:

-Ela certamente sofrerá uma penalidade de 0.50 aí neste salto.

Porra, chama a vagabunda da jurada que está com a bunda sentada na cadeira pra fazer bonito, então.
E por aí vai...0.10, 0.30, 0.50...e a nota, que já nem ia ser tão alta assim, passa a ser mais baixa que a nota de corte de Filosofia da Fuvest. Fica atrás dos países-que-pulam-bem-não-sei-porque, e comemoram conquistas ridículas, como ser a primeira brasileira a disputar as quartas de final do salto sobre cavalo numa olimpíada.

Pensando bem...não basta ser ginasta, tem que ser herói.

Irmina, a Polonesa!

Já que citei no Post anterior, vou contar quem é Irmina, a polonesa.
Irmina era a polonesa gorda que nos agenciava. Ela era uma vaca em pele de vison. Queria nos fuder de todas as maneiras, e só começamos a perceber isto depois de determinada hora. Mas alguns aspectos de sua personalidade eram interessantes. Ela tinha mais bigodes do que eu. Não que eu tenha muito, mas ela tinha, todos pintados com Blondor americano. Era gorda e vivia falando no celular. Lembrava a Piggy dos Mupets. Tinha um sotaque horroroso e um carro grande demais.
Os olhos azuis às vezes denunciavam a raiva que ela sentia de nós, que resmungávamos o tempo todo que as coisas estavam fugindo do contrato que tinhamos assinado na agência de intercâmbio do Brasil.
O mais interessante de tudo, foi que eu sempre dava um beijinho nela quando chegava. Sempre me pareceu um tanto desconcertada, mas eu nunca imaginei que fosse um aspecto cultural dos poloneses não se tocarem (tá, não que eu imaginasse que eles fossem carnavalescamente animados, mas daí a recusar beijinho...).
Um dia, um outro polonês me viu dando um beijinho nela, e me alertou para que não o fizesse, pois na cultura deles era desrespeitoso. E ela complementou dizendo algo do tipo "É, realmente, eu nunca falei nada, mas é desrespeitoso!".
Eu pedi desculpas e jurei nunca mais fazê-lo. Pronto, daí em diante era só eu encontrar a mulher, que eu dava um beijinho e pedia desculpa. Às vezes eu lembrava no meio do beijinho, e nem terminava já tava dizendo "sorry". Chegou uma hora que ela acostumou, eu acho.
Fomos embora de lá sem nos despedirmos dela. Com um bilhete na porta e um Merry Christmas bem bonito, que substituiu muito bem a verdadeira mensagem que gostariamos de ter deixado:
Tomara que você passe o Natal assada feito um peru, vaca filha da puta.
Love, Victor.

Cosas de mi vida - Parte V

Bom, daí que eu estava nos Estados Unidos, há mais de 15 dias sem trabalhar, gastando do meu rico dinheirinho, sem nenhuma perspectiva de início. Eis que chega a Irmina, polonesa gorda que me agenciava (ela vai ter um post próprio) e propõe que eu trabalhe em um estacionamento, enquanto a minha vaga no Hotel não saia. Eu, braço convicto, já avisei que havia reprovado duas vezes no exame de carta, e não poderia trabalhar lá. Mas ela me fez uma proposta interessante...que eu ficasse só na parte de tirar neve dos carros, ou pegasse um ou outro de vez em quando. Na pindaíba do momento, topei.
O turno começava as 5 e ia até a 1 da manhã. Naquele dia nevava como em filmes natalinos (a neve é linda, mas irrita), e o carro da empresa passou em casa pra me pegar. Chegando lá, os primeiros servicinhos que eu tive foram, de fato, limpar os carros com neve. Até que, em um momento, o gerente (polonês, também) fala pra eu ir buscar um carro.

- Mas senhor, eu não sou muito bom na direção.
- Vamos, eu vou junto com você.

Saimos, peguei um Honda Civic (o equivalente a um Fusca daqui), ele me guiou o caminho todo, me explicou a dinâmica das ruas do estacionamento, e o caminho que eu deveria percorrer com o carro, finalizando na porta do estacionamento. Deveria deixar o carro ligado, com o aquecedor ligado, e a chave junto ao meu número (92) numa caixinha onde o cliente pegaria e iria pagar pra liberar a cancela.

Feito isto, liberou mais um carro pra mim. Estava na posição J-34. Fileira A, B, C...até a Jota. Não encontrava a merda da Jota. Como estava demorando pra achar, comecei a apertar o botãozinho do alarme, que fazia "piu piu", e me guiava na direção. Dado momento, já coberto de neve, encontrei o carro. Mas não era SÓ um carro. Era um Lexus RX . Minha perna já começou a tremer. Entrei, pus a chave na ignição e virei. O banco neste momento se ajustou à minha altura, e a direção na distância mais apropriada. Gente, juro. Suava feito um porco de nervoso. Liguei o carro, e comecei a procurar o freio de mão. Não tinha! Pus o câmbio no "D" (Drive, a posição dos carros automáticos pra joça andar), e fui pisando calmamente no acelerador pra ver se não estava travado pelo freio de mão mesmo. E não é que começou a andar? Eu só esqueci que do meu lado direito também tinha um carro, e virei a direção bem a mais do que deveria. Conclusão: Fui saindo em cima do outro carro, e deixando a lateral inteira do meu amassada. Antes fosse um poste, que o prejuizo seria menor. Mas não, eu bati em um Jeep Patriot . Comigo é assim! Não tenho acidente de Brasília 73 não! Basta de miséria!

Em um determinado momento, um carro enroscou no outro. Eu inocentemente achei que fosse o maldito freio de mão! Dei uma rezinha, e nesta hora ouvi um estalo na lateral. Pensei: Fudeu! Eu risquei o carro! (Risquei, hahaha! Mal sabia!)
Já não enxergava mais nada no caminho. Fui guiando até o local, passei a rua certa de virar dentro do estacionamento, freei no gelo e derrapei, foi uma bênção. Nessa hora, eu tremia, suava, rezava, cagava...aconteceu de tudo!
Parei o carro. Desci. Fui direto ver. Meus amigos, minhas amigas. Eu simplesmente DESTRUI a lateral direita INTEIRA do carro, começando na porta da frente, terminando no final da porta de tras. Neta hora mágica, pensei em várias soluções:

1) Fugir (eles tinham meu endereço);
2) Deixar a chave do carro com o número de outra pessoa (não seria justo);
3) Deixar a chave do carro sem número nenhum (eles deviam ter câmeras);
4 e último) Deixar a chave do carro com meu número normal, com a esperança que ninguém se desse conta da pequena diferença.

E foi isto o que fiz. Deixei na caixinha a chave com o número anotado, e voltei pra dentro.
Em 3 minutos estavam na sala o dono do estacionamento, o chefe de turno, o gerente e todos os empregados. Entre urros e partos normais, todos gritavam comigo.

-"You've crashed a Lexus!!!!".

Dei uma de John Armless, e dizia "Juuuuuuuuuuuraaaaaaaaaa?????". O gerente me catou pelo cangote e me levou até a famigerada vaga J-34. A marca dos pneus na neve era ridícula. Iam diretamente pra cima do Jeep! Ah, e o Jeep estava com a frente toda destruída. O cara falava uns palavrões em Polonês, e eu (ainda tremendo) resolvi perguntar:

-O que vai acontecer comigo?
-E eu lá sei o que vai acontecer com você!
-Eu vou ser deportado????
-Deportado que nada! Você vai ter que pagar o prejuízo!

Nesta hora eu comecei a considerar que ser deportado podia não ser tão ruim assim. Tudo bem...eu fico com o meu prejuízo, você fica com o seu, e seremos felizes para sempre, ahn? NOT!
Voltamos pra salinha. Dali a pouco vem o dono do estacionamento e pede meus documentos.

- Eu não tenho carteira de motorista.

Mais um urro. Esse foi com mais vontade. Nessa eu aprendi alguns palavrões em polonês. Kurwa é puta! Só sei disso! Dali a pouco voltam todos:

-Garoto, pegue suas coisas e suma daqui AGORA! VOANDO! O seguro está chegando e vamos botar a culpa em outra pessoa que tenha carteira! Some agora daqui!

Não preciso nem dizer que em 27 segundos e meio eu havia catado todos os meus casacos, blusas, toca, luvas, botas e afins, e fugi que nem um louco no meio de uma nevasca.
Em uma hora e meia eu fui contratado, cadastrado, treinado e demitido. A polonesa que me arranjou o job deu um duplo twist carpado quando ficou sabendo.

Fim de jogo: Eu continuei desempregado sob a ameaça de pagar 1000 doletas de ativação do seguro, a polonesa ficou mais puta then ever comigo, e a neve parou de cair. Sai fugido do estado de Ohio, e não posso dar as caras por lá, com medo de ser absorvido pela máfia polonesa. Agora me diz, é ou não é uma ótima forma de começar seu intercâmbio de férias?!

Gravando!

Estava eu no aeroporto Santos Dummont no Rio de Janeiro outro dia, quando vejo saindo de lá um dos casais mais clássicos da TV brasileira: Tarcísio Meira e Glória Menezes. Sim, são dois velhos bestas, mas que desde que o mundo é mundo (tá...nem tanto, não estou falando da Dercy) vejo a cara dos dois contracenando.
Fiquei assistindo a cena:

-Chama um taxi, Tarcísio.
-Estou chamando, mas eles tem uma ordem.
-Eu acho que não vai dar tempo de chegar lá. Você avisou?
-Sim, eu liguei antes e avisei.
-Mas mesmo assim...
-Não se preocupe, vai dar tempo!

Quando me vi estava quase sentado no sofá com o controle na mão e comendo umas pipoquinhas.
Pegaram o Taxi e foram para seu compromisso. Fiquei pensando. Caralho...que loucura. Os caras não estavam interpretando lhufas! Mas parece muito cena de novela! Deve ser muito estranho viver no corpo deles...meros personagens da vida real!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Rio?

Este último final de semana faltou água no Rio de Janeiro...e adivinhem onde eu estava? Bingo! No Rio de Janeiro!

Eram mais ou menos 8 da noite, bem me lembro que a suvaqueira do dia inteiro, de ter ido pela enésima vez pra Santa Teresa, depois de uma feijoada completa no Bar do Mineiro, depois de subir pela 4ª vez o Corcovado (sendo que é a terceira que está tão encoberto que eu mal vejo o sovaco de Cristo), ônibus, bondinho, um tropicão, duas havaianas...tive esta notícia: Não tem água.
Tudo bem...se fosse dormir, eu estava tão cansado que nem ia lembrar do meu odor. Mas eu ainda ia pra Lapa e pra Mangueira pular a noite toda e suar mais do que mãe em parto normal de siameses.
Juntei minha trouxa e fui pra praia de Copacabana tomar banho no Posto 3. Ainda bem que o resto de Copa não pensou nisso também.

-A ficha custa 3 reais, e são três minutos de banho.
-Só três minutos?
-Se quiser mais, compra mais fichas.

Malandro que sou, lavei o cabelo na pia. 1,2,3...botei a ficha...VALENDO! Me senti na banheira do Gugu. Só faltou a Luiza Ambiel me segurando, e o "Uba Uba Uba AÊ" ao fundo. Esfreguei tão rápido que nem sei se deu efeito. Ainda deu tempo de sambar no último minuto. Descobri que é possível tomar um banho de 3 minutos!

Passo novamente pela praia de Copacabana com toalha, necessaire, e uma cueca no ombro.

Se não fosse ridícula a cena, até comemoraria o banho!

Ah, foram os 3 minutos mais reconfortantes dos últimos tempos!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cosas de mi vida - Parte IV

Quando fui no Consulado Americano para tirar o visto (7 horas e meia de fila depois), a mulherzinha disse que iam me mandar via sedex meu passaporte já com o visto, e dentro uma Carta para a autoridade que fosse fazer minha imigração.
Chegou. Este Sedex eu não poderia abrir até os EUA. Não era de minha competência abrir aquilo, e só quem o faria seria uma autoridade americana. Portanto se tivessem rãs desidratadas lá dentro, eu não teria como saber. Ia entregar um pacote de rãs desidratadas nas mãos do cara que ia fazer minha imigração.
Bem, aportando em Nova York, segui os corredores pra fazer a imigração. Esperei na filinha minha vez, e um cara me chamou. Fui, falei bom dia, entreguei o envelope e aguardei.
Ele abriu, olhou os documentos, olhou o computador e disse:
- Ah...meu computador travou, volta pra fila que alguém te chama de novo. Sorry.

Voltei eu pra fila. O próximo me chamou. Entreguei os documentos. Ele me olha e pergunta:

-Porque você abriu o envelope?
- Não fui eu que abri. O outro oficial me chamou, abriu, mas não concluiu a imigração porque o computador dele está com problemas.
- Porque você abriu o envelope?
- ????!!!!! Eu não abri, foi o outro oficial.
- Porque você abriu o envelope?
- Eu NÃO ABRI O ENVELOPE!
- Mas está aberto.
- O OUTRO OFICIAL ABRIU! O COMPUTADOR ESTÁ COM PROBLEMA ELE ME MANDOU DE VOLTA PRA CÁ!!!!!!
- Okay.

Conferindo os dados....
- A data de chegada está errada.
- Está? Eu não tinha como saber, não pude abrir antes para conferir.
- Mas a data está errada.
- ¬¬... Eu não podia saber.
- Está errada a data.

Juro....nesse momento, eu considerei juntar minhas trouxas, mostrar o dedo do meio pra ele, dar meia volta, e ir embora. Depois lembrei de todo o dinheiro que eu já tinha pago, todo o tempo perdido, e tudo mais...resolvi responder calmamente.

-Senhor. Eu não conseguiria conferiri os documentos, na medida que eu não pude abrir o envelope!

-Okay. Welcome to America.

Não sei, honestamente, a finalidade desta técnica imigratória. Deve ser da Escola Perturbadora de Imigração... E by the way...eu já estava na América quando saí do Brasil...motherfucker.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Rio X SP

Existem algumas diferenças clássicas entre Rio e São Paulo, que todo mundo sabe. Chamar bolacha de biscoito, bexiga de balão, etc. Mas teve uma que me intrigou:

-Por favor, me vê um suco de acerola.
-Suco não tem não. (Com uma mega placa ACEROLA em cima de um daqueles reservatórios que ficam girando).
- Como não? E o que é aquilo ali?
-Aquilo é refresco!

Não sei que cara fiz. Juro que não. Mas deve ter sido a cara mais de "puta merda" já feita.

- E qual é a diferença entre um suco e um refresco?
- Suco é a pura polpa da fruta. Refresco é polpa batida com água.

Porra! Já não bastam as embalagens de bolachas escreverem "Biscoito Recheado sabor Chocolate", agora ainda tenho que engolir mais esta?

Comprei meio litro de refresco e fui procurar um Aurélio:

Su.co: 1 A substância líquida extraída das frutas, como artigo de comércio, para bebidas refrigerantes etc. Ex: Suco de uva, suco de caju.

Re.fres.co: 1 Tudo o que serve para refrescar; bebida fresca, refrigerante. 2 Sensação de frescura; arrefecimento.

Ha!!! Engulam esta bolacha a seco! Em nenhum momento dizem que refresco é polpa de fruta batida com água!

Voltei no mesmo lugar no dia seguinte:

-Me vê um suco de laranja!
- Não tem suco não.
-Claro que tem! Aquilo ali extraído da fruta é um suco! Refresco é qualquer coisa refrescante. Tá no dicionário moça, pode ver! - Com uma segurança de alguém que havia de fato pesquisado o tema.

Saí de lá com meio litro de suco, e vingado por todas as bolachas do estado de São Paulo.

Anti Crime Tabajara

Depois de longo e tenebroso tempo de trabalho no Rio de Janeiro, venho respirar fundo novamente o ar poluido de São Paulo, e contar uma que me aconteceu por lá.
Tenho uma amiga que veio com uma teoria muito interessante: Uma solução infalível para se escapar de um assalto. A idéia é simples. Quando você anda solitariamente na rua escura, e vem no seu sentido, ou atrás de você uma pessoa suspeita, o que fazer? Muitos se desesperam, já aguardando o assalto. Outros tentam correr, inutilmente (porque enquanto você trabalha, o bandido tá batendo pelada lá no campinho de terra, e o físico dele é muito mais estruturado que o seu, pobre usuário semanal da academia cara do seu bairro).
Imite um boneco de posto! Pule e balance os braços e pernas rapidamente, chacoalhando a cabeça de um lado para o outro, meio correndinho. A teoria é esta: Nenhum ladrão seria bobo, louco ou idiota o suficiente para assltar alguém tão bizarro quanto você.

Teoria feita, pus na prática. Estava na Praia de Ipanema, umas 9 e tanto da noite, sentado no calçadão com os pés na areia. Um minuto após aproxima-se um ser esquisito suficiente para ter medo, e fala com aquele sotaque Cidade de Deus:

- Onde é que tu mora?
- Moro aqui! (Com aquele sotaque não-moro-aqui-nem-fudendo)
- Passa o celular!!!! - disse ele.

Olhei bem pra cara do cara. Pensei nas probabilidades matemáticas dele querer de fato a merda do meu celular. Não carregava uma arma, uma faca, um objeto pontiagudo sequer. Pulso por pulso, eu também os tenho, a briga podia ser boa. Num lapso de (falta de) consciência, apliquei a técnica do boneco de posto.

-Não!!!! - respondi.

E sai pulando e girando a cabeça e balançando os braços pelo calcadão de ipanema feito um idiota. Se eu disser que deu certo, alguém acredita?
Pois é. Dado momento olhei para tras, e o cara já estava bem lá na frente andando calmamente, e provavelmente pensando:

-Puta que pariu. Que merda foi aquela?!!

Fui embora carregando o lixo do meu celular, e orgulhoso por ter descoberto, enfim, a tática mais infalível anti-assaltos do mundo.

PS: Não recomendo quando o indivíduo porta algo que possa te machucar. Na verdade é uma técnica pré-assalto.