segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Textinho antigo do outro Blog:

O "Herald Tribune" trouxe uma acusação séria!

O papo é mais ou menos assim: Um blogueiro do Uzbequistão (se você não sabe o que raios é Uzbequistão, acesse o Google Maps mais próximo) escreveu coisas cabeludaças sobre um empresário e magnata da mineração de lá. O cara ficou todo ofendidinho com as "arbitrariedades" ditas sobre ele, contratou um advogado fudido (o mesmo que salva celebridades em furos de paparazzis) e mandou que tirassem o Blog do ar por difamação. E assim foi feito! E aí, você, humilde leitor deste também simplório BloG...tão inofensivo quanto uma criança de 7 anos e meio pergunta-se: porquê caralhas a Justiça de lá não armou um barraco dos grandes para investigar os seguintes quesitos:

1) Se as cabeludices que o tal BloGueiro acusava o infeliz do magnata tinham fundamento,

2) Por quais razões a liberdade de expressão não foi assegurada,

3) Como um BloG pode ser retirado do ar por seu servidor sem nenhum mandado jurídico,

4) Porque o Uzbequistão é tão marginalizado do Oriente Médio.

5) O que eu tenho a ver com tudo isso?

6) Roberta Close é homem ou mulher? (Já que é pra investigar mesmo...)

É, nego(a). Pensava que era só no Brasil que aconteciam estas barbaridades alienatórias?

Por um lado fico feliz: O Capitalismo faz milagres não só aqui em Terras Tupiniquins. Por outro fico extremamente triste: O Capitalismo faz milagres não só aqui em Terras Tupiniquins.

Enquanto nenhum Magnata Brasileiro se ofende com o Blasfêmia...vamos devaneando né!

E que assim seja...até quando Deus quiser...(ou algum Setubal, Diniz, Marinho, Abravanel........)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Nin hao!

Em 2007 eu decidi que ia estudar chinês. Queria alguma coisa diferente, sabe? Além de dar "aquele" up no curriculum, por gostar muito de línguas e ter facilidade, decidi pelo mandarim.
Minha primeira cagada foi ter me matriculado em uma matéria optativa que a Letras da USP oferecia de chinês. Sim, porque se eu reprovasse ia carregar aquela DP pro resto da vida. Mas como seria de graça, a tal da injeção na testa falou mais alto. E falou mais alto do que meu sono, também, afinal seriam 2 horas, 3 vezes por semana, das 8 às 10 da manhã. Pra quem me conhece só um pouquinho sabe que estar na USP às 8 da madrugada é um sacrilégio descabido, que eu não faria nem pra tirar o pai da forca. Tá, pra isso eu faria, mas como as possibilidades de quererem enforcar meu pai - que é um amor de pessoa - na USP, às 8 da madrugada são ínfimas, eu digo que não faria.

Bom, primeiro dia de aula, a professora (nativa a filha da puta) ensinou as 4 entonações básicas do mandarim: inhu (é um grunhido, não tente ler como I+N+H+U), inhuuuu (que é o mesmo grunhido, um pouco mais compridinho), unhi, e X - que é um grunhido que eu não conseguia imitar. O único da sala:

- Não é üihY. É üihY! - tentava me ensinar a pobre chinesinha.
- üihY
- Nããão. Você não está dando a entonação certa. É üihY!
- üihY!

E por aí vai. Não consegui dar a merda da entonação. Pode não parecer um problema, mas é. E mandarim, a mesma coisa ( a exata mesma coisa) dentro das 4 entonações diferentes tem sentidos diferentes. Güi = Mãe, Güiiiiiii (o mais longuinho) = Égua. Pronto. Pra chamar a mãe do cara de égua, é dois palitos. E a prófi insistia na minha entonação diante da sala inteira. Comecei a ficar puto.

Daí começaram também as aulas de grafia. Ieroglifos, desenhinhos...ou simplesmente ideogramas (o nome científico). Cara. No começo até que faz alguma sentido. Porque o desenho representa o que é. "Criança" parece o desenho de um molequinho. "Mulher" parece uma mulher ajoelhada com um manto - segundo a prófi é porque o chinês entende que a mulher deve obediência e deve se curvar diante do homem. Até aí, legal. Agora começa a viagem: a palavra "Bom" é um ideograma formado pelo mix de "criança" e "mulher", porque pro infeliz do chinês, o que pode ser "bom" além de sua mulher e sua criança. Ou seja, fudeu geral. Porque a partir de um momento, pra você saber o que está escrito tem que usar drogas pesadas, e ser muito, mas muito criativo, além de profundo conhecedor da cultura e sabedoria chinesa. Ah, tudo isto às 8.

Estive persistente, até a primeira prova. A mulé apresentou ideogramas e nós, pobres mortais, tínhamos que decifrar o que estava escrito. Eu fiquei 1 hora e quarenta em frente àquele pedaço de papel, e não descobri UM IDEOGRAMA SEQUER. Neste momento decidi que todo o sacrifício que representava o estudo daquela língua infeliz, seria em vão. Já enxerguei minha primeira e única DP no meu histórico da faculdade, e tive um pesadelo com a professora de chinês usando uma cinta liga e um chicote na mão me disciplinando. Acordei decidido a acabar com aquilo. Nos últimos 5 minutos que ainda poderia ser feito, cancelei minha matrícula. Foi com dor no coração, confesso. Mas meu cérebro agradeceu de joelhos - que nem tem.

Com isso eu descobri uma coisa sábia: Ninguém fala chinês. Eu tenho certeza. As pessoas fingem fazê-lo, mas no fundo, no fundo, ninguém fala. Nem os nascidos. Devem só fazer pressão...falam mesmo é inglês. Pelo menos foi o que minha consciência entendeu...às 8 da madrugada.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

2008

É...mais um ano indo embora.
Mas sabe que 2008 não foi um ano qualquer! Tudo bem, eu já vi um cara de Stand Up Comedy falando sobre isso...mas como eu tinha pensado antes dele falar, resolvi escrever assim mesmo. Aliás...esse caras de Stand Up tão me tirando o pão de cada dia. Às vezes eu penso em alguma coisa pra blasfemar o cotidiano, falo pra alguém, e me respondem "Ah, é como o fulaninho do schrubles falou". Merda.
Mas voltemos a 2008. Neste ano aconteceram coisas absolutamente inesperadas e incomuns. Vejamos:

(A Top todas, para mim)
*Morre Dercy Highlander Tutancamon Gonçalves: Tá. A mulher tinha 247 anos. Dizer pra qualquer um que era inesperado ela morrer é até piada. Mas quem, ó leitor, não se surpreendeu com a morte dela? Eu mesmo quase chorei. Quase, eu disse. Acho que chegou um dado momento que as pessoas não contavam mais que ela fosse de fato morrer. Era como uma certeza na vida! Se tinha algo que eu sabia, era que a Dercy era viva. Mas morreu.


*Sandy dá: Está aí outro tabu de mais de duas décadas! Tudo bem, a Dercy é hors concours com seu centenário, mas ninguém esperava mais que a Sandy desse. E ela deu! Pelo menos agora não se pode ter mais dúvidas que a Sandy não é mais virgem. Ou o Lucas Lima tem que voltar pro Jardim de Infância. Desta forma não ouviremos nunca mais "Matérias exclusivas com Sandy, abrindo o jogo sobre família, trabalho e virgindade". Só faltou aquela Playboyzinha básica, mas isso vai ter que ser em 2009.


*Coringão na Segundona: Além de ter que ouvir eternamente que não temos o próprio estádio, que nunca ganhamos uma Libertadores, agora temos que amargar esta também. Mas como todos sabem, a segunda divisão fez bem para o nosso ego, e demos uma lavada. Tamo de volta em grande estilo! Fenomenais (agora curithiano esquece a história dos travecos...).


*EUA se fodem: Em 2001 eles não se foderam tanto assim. Tá dando tudo errado na vida dos caras. E tá aí um outro Tabu que vem há pelo menos 60 aninhos. Caraca velho! Demorou, mas chegou a hora. Ah, fora que o primeiro negão vai mandar na porra toda. Do caralho!


*Massa quase ganha Mundial: Cara...desde que o Senna se foi a gente espera alguma alma caridosa pra dar uma esperançazinha no nosso coração. Aí veio o Rubinho que fez o que fez por tanto tempo. Mas nós continuávamos esperançosos. Eis que chega Felipe dos Santos Aguiar Souza Andrade Massa (dá-lhe Wikipédia). E o cara faz a gente acreditar de novo que poderíamos levantar uma taça de Mundial. Nem precisou ganhar, porque ele já ganhou nossos coraçõezinhos de torcedores fanáticos!

*E uma Pessoal (afinal o Blog é meu e eu falo o que eu quero (ADORO A LIBERDADE DE IMPRENSA) (ODEIO ter que fechar parênteses duplos tipo os próximos que se referem ao primeiro que eu abri lá atrás)): Eu comecei a trabalhar. Digo isso porque comecei a trabalhar de verdade, sabe. Aquela coisa de horas por dia, salário mensal, férias, responsabilidades, velhices. Enfim, chega essa hora pra todo mundo.

E aí, mais alguém lembra o que fez de 2008 tão diferente?
Se lembrarem, postem nos comentários. Eu lembrei de um monte de coisa que esqueci logo antes de começar a escrever este post.

A todos, um Feliz 2009 cheio de surpresas. O que virá?

Abraços!

Victor

sábado, 20 de dezembro de 2008

Lava Pinto

Então minha mãe resolveu entrar na era da informática há uns anos, criou uma conta de e-mail, e se diverte com as amigas trocando mensagens engraçadas, correntes, mensagenzinhas bonitinhas, etc.
A minha vó ficou invocada com a história e também resolveu se modernizar. Comprou um computador e contratou um professor de informática pra ir dar aula pra ela em casa.

Acontece que minha mãe recebeu um e-mail com um vídeo de um cara lavando o pinto no liquidificador (?!), achou muito engraçado e mandou pra todo mundo, incluindo minha vó.

Agora pensa, a vózinha lá na aula de informática com o menino, abre o e-mail e começa um cara a lavar o pinto no liquidificador!

Ela falando: Eu fiquei roxa, amarela, verde, não sabia onde enfiar a cara! O menino fico parado olhando com um olho arregalado, e pra tentar consertar eu falei:

"Olha, ela não é assim viu?! Ela é mãe de família! Ela é até espírita!!!"

Agora deve estar pensando que minha vó é uma tarada!!!!

Pois é. Tá aí uma coisa que minha mãe tem que aprender. Filtro!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Azar no jogo...

Eu NUNCA ganhei nada. Jogo na mega sena por fé em Deus mesmo. Uma vez fui num desses bingos beneficentes de interior, e fizeram a tal da "Cartela Extra", que o prêmio seria metade do que arrecadassem com a venda das cartelas extras. Chegamos em um prêmio de R$ 500,00, que não é de todo mal pra um binguinho beneficente.
Fui marcando uma por uma, e parecia que ia ganhar. Quando o cara cantou a última bola da minha cartela, gritei um "Bingo!" tão forte que quase abafou o "Bingo" que uma velha gritou.
Bom, fomos levados ao desempate: Teríamos que tirar uma bola do saco (não do meu, porque aí não seria justo com a velha). Eu tirei o número 8, e a velha tirou o 93. Quase engoli a pedrinha.
Ganhei o pano-de-prato da Segunda-Feira como prêmio de consolação, e ela levou 500 mangos! Isso só deve consolar a mãe de quem bordou aquele pano. A merda é que ela doou os quinhentinhos pra instituição que promoveu o Bingo beneficente, coisa que eu não faria nem fudendo. Não por ser uma pessoa ruim, ou por não acreditar na idoneidade da instituição, mas é que já tinha feito planos com o dinheiro. E aí tive que chupar a manga de ver ela ter um ato bondoso com o prêmio que eu fiquei puto de perder.
Outra vez foi quando teve um sorteio de uma moto em uma balada na minha cidade do interior. Não que eu quisesse uma moto, mas eu poderia vendê-la e fazer mil coisas com o dinheiro. O sorteio seria pelo número do ingresso (numerado em ordem de venda). Gente, juro. Eu perdi a merda da moto por UM NÚMERO! Se eu tivesse chegado 14 segundos antes, ganhava a moto! Sim, e foi esse o tempo mesmo, porque eu tive que esperar o cara comprar pra poder comprar o meu ingresso. Já estava tão bêbado que eu chorei a noite inteira um choro doído, de lástima. Chorei tanto que o cara que ganhou foi informado e se sentiu mal...veio me propor que eu comprasse a moto dele, que venderia baratinho! Mas eu não queria comprar aquela merda. Queria ganhar!
A terceira vez foi um bingo beneficente (parte dois), só que valia um carro 0 quilômetro. A cartela custava 30 reais, e a cidade inteira estava participando do sorteio, num ginásio. Meu pai, quem comprou, não podia ir, me mandou. Eu alertei que era pé-frio, mas ele insistiu. Bom, pedrinha vai, pedrinha vem, uma hora o cara gritou: "Quem aí está faltando só um????!!!"
Era eu. Tremia feito Jão Paulo II (pra fazer jus ao nome do blog, uma vez na vida que seja).
Descemos eu e mais uma mulher no meio do ginásio. Só nós dois brigando por aquele carro. Foi uma a uma...até que ela deu um urro de "Bingo". Choveu uma chuva de prata nela, e eu fiquei com a maior cara de tacho da minha vida. Nem pano da segunda-feira eu levei nessa. Fiquei tão puto que rasguei a merda ali mesmo. E o pior é que a vaca é rica.
Outra vez que eu fui jogar Pôquer valendo dinheiro, fui o primeiro a sair da mesa. Nunca ganhei uma partida de War. Não ganho nem amostra grátis em supermercado.

Por isso eu acho que está na hora de começar a ter muita, mas muita sorte no amor!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Rapidinhas

Luciana Gimenez Saramago para Amaury Junior às 00:43, sobre crianças que trabalham como atores:

"Quem deixa, tudo bem. Quem não deixa, tudo bem também!"

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Na casa da minha Tia:

- Nossa Tia, que bolo bom! Quem fez?
- Ahhhh! Foi a mulher que corta a unha de todo mundo!
...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Placas Indicativas Abaixo!


Cara...eu não sei quem foi o animal que teve esta idéia...mas foi muito, muito boa! Quase chorei de rir! As placas, de simples sinalizadoras de "Animal Silvestre", passaram a sinalizar "Domador de Animal Silvestre", "Caça de Animal Silvestre" e, o melhor de todos, "Mula sem Cabeça na Pista". E tudo isto em plena Marginal Pinheiros. Putz! O triste é que se a polícia pegar os gênios que fizeram isso podem até ir presos.

Interventores 1 X Kassab 0.

*Obrigado à minha amiga nipocearense Rayanne pela deixa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Dona Ruth

Já que citei abaixo Dona Ruth, a velha que mora sob nossos pés, vou contar a história dela. Essa mulher deve ter uns 237 anos, mas fala que tem "80 e muitos". Com seus óculos grandes que deixam as pupilas pequenas, esta cidadã certamente tem o diabo no corpo. Logo que mudei para cá, e morava o meu irmão com o tal do Colmbiano maconheiro, já existia a richa Ruth versus 52.
Quando recebi uma notificação por escrito, resolvi me inteirar do caso, antes que virasse uma multa. Meu irmão falou que a velha era louca, e implicava conosco que tinha barulho. Cá entre nós, meu irmão chegava bem tarde, e nunca fez questão de ser silencioso. Principalmente quando levava a namorada para o quarto e a cama não tinha feltros embaixo (se é que vocês me entendem).
Um dia encontrei com a mulher no térreo, e com sangue nos olhos ela me disse:

- Escuta aqui ô moleque! (Eu com cara de "É comigo?!"). Eu não aguento mais aquela geladeira móvel de vocês (!!!). Pode parar com aquilo lá que está me deixando louca!
-Geladeira móvel????
-É! E larga de cinismo que eu já sei de tudo! Eu sei muito bem que vocês tem uma geladeira móvel. O boliviano me contou tudo!

Pronto. Aquele doido do colombiano me fala que a gente tem uma Geladeira móvel pra mulher. Que merda se passa na cabeça desse indivíduo além de fumaça?
Entre ligações e outras na madrugada (que eu sempre estava acordado), recebemos a segunda notificação por escrito, o que precede a multa. Meu irmão falou:

-Vai lá conversar com aquela doida porque se eu tiver que ir vou bater nela!

Devia ter deixado. Mas almejando pela integridade física de Dona Ruth - e pondo em cheque a minha - desci as escadas e bati na porta dela. A própria atendeu:

- Boa tarde Dona Ruth. Meu nome é Victor, eu moro no 52 e...
- Ahhhhh, então é você?!!! Eu não quero falar com você! A próxima vez é multa! - Batendo a porta na minha cara.

Bati novamente à porta com toda a educação que recebi de pai e mãe (e nunca estiveram tão à prova). Abriu a porta de novo depois de alguma insistência minha:

- Você não entendeu o recado não?
- Sim, Dona Ruth, eu entendi. Mas eu quero falar com a senhora porque nós não sabemos o que estamos fazendo que lhe incomda tanto! Chegamos tarde, mas não damos festas no apartamento....fazemos coisas corriqueiras como tomar banho, ver o computador, nada demais!
- O que???! Vocês dão uma festa por dia! Eu não aguento mais! E olha, não quero mais saber. Agora vocês vão é pagar multa!
- Ah é assim?! Então manda a multa que a gente paga!
- Ahhhh! Então são durões! Eu vou na Delegacia do Idoso prestar queixa contra vocês! Não é justo que aos "80 e tantos anos" eu seja obrigada a ficar acordada a madrugada inteira por sua culpa! Eu vou meter um processo em vocês, então!
- Então faz isso!!!! Vamos resolver na justiça!!!!!!!!

Fui embora sentindo o coração bater na garganta de ódio. Mas não ia permitir que aquela velha me enterrasse. Depois disso acho que ela ficou arrependida e não fez mais reclamações junto à Síndica conta nós. Mas outra vez ela pinta na porta às 3 da manhã, todos dormindo e grita:

-Escuta aqui meu filho! Vai ser difícil essa mulher parar de andar de SALTO ALTO aí na casa de vocês???

Juro que dessa vez eu fiquei com medo. Além de tudo a mulher tava dando pra médium. Retruquei:

- Ô Dona Ruth! Tá todo mundo dormindo! Se a senhora quiser entrar pra procurar, se encontrar um salto alto sequer eu ponho ele e sambo pra senhora!

Ainda comprei feltro para colocar debaixo das camas e não ter mais motivo de camas pra que ela reclame. Só sei que toda vez que encontra um de nós no elevador, no alto de seu sarcasmo pergunta:

-Pra que andar vai?
- 5º.
- Ahhh, você não é um daqueles moleques do 52 né?
- Não...moro no 58.

Uma simples mentira que nos traz calma e tranquilidade. Ou quase:

-Ah bom! Porque tem uns meninos no 52 que eu vou te contar viu!

Não seria ela se não reclamasse...

O Porco

Lá nos EUA conhecemos uma paquistanesa. Gauhar (demorei pacas pra aprender a falar o nome dela, que lê-se Gôrrar) é filha do atual Ministro das Relações Exteriores do Paquistão, mas mora na Suiça. Acabamos ficando muito brothers dela, e ela de nós. Parecia até uma integrante do grupo há muito tempo. E mesmo sendo muçulmana, ela parecia bastante à vontade com os hábitos ocidentais, e nunca tivemos nenhuma divergência cultural que fosse percebida. Até este dia.
Nosso programa favorito é comer em lugares legais. Não precisam ser chiques...tem que ser legais...oferecer uma comida boa...por um preço que caiba no nosso bolso. Então resolvemos ir um dia ao Stevie B's, casa especializada naquelas Ribs (ou costelas, iguais às do Outback). Na religião muçulmana, eles NÃO PODEM comer carne de porco de jeito maneira. Mas nós não sabíamos que aquelas costelas eram de porco! Burros, pensamos que aquelas costelas eram de vaca (depois fui lembrar que numa "vaca atolada", as costelas são BEM GRANDES).
Convidamos a Gauhar pra ir conosco no restaurante, e ela aceitou. Chegando lá, pedimos as famosas Ribs, que chegou com alguns acompanhamentos, como uns molhinhos de barbecue, de Blue Cheese (que eu desconfio que seja Rockefort...), e de Cream Cheese. No de BBQ, Gauhar ainda perguntou pra garçonete:

- Moça, tem carne de porco nesse molho?
a garçonete olhou...pensou e respondeu:
- Não, no molho não tem.

Que momento idiota. Perguntar pra garçonete se tem carne de porco no molho que vai por na carne de porco! Só sei que ela se fartou de comer! Todos nós...mas o agravante foi que ela ADOROU!
Pagamos a conta e sentamos em frente do Stevie B's em uns banquinhos pra esperar o motorista do Resort nos buscar. Papeando até que ele chegasse, eu mirei no vidro da lanchonete e vi o desenho de um porco, gordo e suculento mirando de volta nos meus olhos. Fiquei DESESPERADO, e resolvi compartilhar com as meninas nipobrasileiras em bom português:

-Gente!! Acho que aquilo era carne de porco!
-Porque????
- Olha ali! Tem uma foto de um porco!
-Putaquelpariu!!!!

E a Gauhar perguntava em inglês: "What's going on?! What happened?!"

Nós não sabíamos, agora, se contávamos. Afinal ela poderia fazer alguma coisa pra salvar a sua alma, e evitar que a nossa queimasse no mármore do inferno pra toda a eternidade! Sei lá, qualquer oferenda, matar galinhas, vomitar, enfim. Mas talvez se ela não soubesse do ocorrido, isso não afetaria seu futuro religioso. Decidimos contar:

-Gauhar...acabamos de descobrir que o que você comeu era carne de porco!

Caralho, a menina ficou louca da vida! Deu três mortais de costas e ficou muito puta. Mas não sabia o que aconteceria a ela (que era nossa mais insistente pergunta).

Chegando no Resort foi ligar pra mãe dela lá no Paquistão. Contou a história, e disse pra nós que sua mãe também deu três mortais de costas e ficou putaaaaaaça da vida. Baixou a Conga de verdade na mulher. O resultado: Se ela não sabia, se realmente comeu inocentemente a carne de porco, não tinha problema.

Tanto escândalo por isso. Depois dessa ainda tentamos levar Gauba (apelido carinhoso) em uma feijoada que ia rolar em Miami, mas ela perguntou antes se tinha carne de porco, e aí ficamos com medo de mentir e Alá nos castigar. Até porque no caso de uma feijoada ela iria comer um porco inteiro...incluindo nariz, joelho e orelha.

Espero que esta não esteja contabilizada quando chegar do lado de lá...

11º

Meu prédio tem 11 andares, o que, convenhamos, não é muito para um prédio. Mas a desgraça do elevador está SEMPRE no 11º andar! Por isso lancei a teoria de que neste prédio, estamos nós no 5º, Dona Ruth no 4º bem abaixo de nós (a velha insuportável que num para de reclamar de barulho), e o resto dos moradores no 11º.
Os outros apartamentos são meros figurantes do nosso, de Dona Ruth e dos do 11º.

Um dia ainda vou conhecer todos os 40 mil moradores do 11º andar. Ah se vou!

Ou então fazer um acordo: Olha queridos, fiquem pra vcs o elevador Social (pode ser, não me importo), e nós e Dona Ruth dividimos o de Serviço.

Será que eles topam????

Alalaô ô ô ô ô ô ô!!!

Eu estava sem verão há dois anos. Desde 2006 eu não sinto minha pele fritar. Ano passado, bem quando o verão estava para começar (mas ainda com cara e principalmente temperatura de primavera) eu fui-me embora para os Estados Unidos, e justamente quando o verão de lá estava para começar, dando fim à primavera, eu voltei para cá...no inverno.
Portanto faziam anos que eu não participava do verão. Puta que pariu. Havia me esquecido como é sentir um calor que ferve as víceras, que não deixa encontrar posição na cama pra dormir, que me faz ter vontade de matar pessoas, que me deixa extremamente puto, preguiçoso e desanimado.

Decidido: Não quero mais verões em minha vida! Nem que eu tenha que me mudar para o Alaska, este é o último verão que eu sofro tanto assim. Algo vai ter de acontecer.

Agora só me resta rezar pelo início do inverno...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Na porta da geladeira

Eu moro em uma pseudo-república. Não é uma casa normal, definitivamente. Mas não chega a ser uma república também. Temos mais adereços de casa do que uma república, e mais desorganização e sambarilóve do que uma casa. Temos liquidificador, dois computadores, tv a cabo, colher de arroz e dois sofás. Em compensação, temos também uma bandeja do McDonalds, um copo do bar, um copo da Pizza Hut, um cinzeiro, uma rede e um violão.
Primeiro morou meu irmão, sozinho. Depois meu outro irmão junto. Aí meu segundo irmão foi embora, e veio morar um colombiano que meu primeiro irmão conheceu em Cuba. Então vim eu, e o colombiano foi embora. Daí meu segundo irmão voltou e o primeiro foi. Entrou o meu amigo da primeira faculdade que tinha mudado pra São Paulo. Entrou meu primo, e saiu o meu amigo. Por fim entrou minha amiga da minha sala da segunda faculdade e saiu meu primo. Ufa. Então a formação atual é essa: Na defesa (da limpeza e organização impecáveis) está meu segundo irmão, no meio campo (entre arrumadas e bagunçadas) estou eu, e no ataque feroz (da bagunça), minha amiga da segunda faculdade. Gostei de deixá-los todos assim caricatos, sem dar nome aos bois - e à vaca.
Em meio a tantas idas e vindas algo permanece intocável. Com um quê antropológico, a porta da geladeira tem praticamente a mesma formação desde o início. Claro, tudo com o prazo de vencimento pré-histórico. Dentre os personagens da porta da nossa geladeira, a mais famosa, sem dúvida, é a azeitona. É de conhecimento público que conservas tem prazo de validade extenso. A nossa azeitona (perceba a identificação psico-sociológica com o fruto das oliveiras) tinha data de validade situada em meados de Março de 2004. Costumeiramente, vários moradores abriam a geladeira, pegavam o pote, miravam a validade e soltavam:

-Putz! Essa azeitona já venceu faz tempo pra caralho! - Colocando-a novamente em seu lugar.

Teve uma ocasião no ano passado em que meu amigo da primeira faculdade chegou bêbado de uma balada e acabou comendo algumas das azeitonas, que possuiam consigo um inseparável caldo preto no fundo do pote. Estava tão fora de si que nem percebeu a atrocidade que estava cometendo - o que não passou despercebido por seu aparelho digestivo. Mas aos que pensam que a azeitona foi jogada fora, se enganam.
Este ano, em meados de setembro, eu abro a geladeira e inocentemente miro o local em que situavam-se as referidas. Qual não é minha surpresa ao perceber que já não estavam mais lá. Que agonia! Tomou-me uma incerteza do porvir, e engoli a seco. Onde estariam nossas parceiras de loga data?! Aguentei uma semana ansiosamente à espera da chegada de nossa empregada. Quando ela chegou, naquela terça chuvosa, não titubeei:

- Fia, onde estão as azeitonas que estavam aqui?! - em tom eufórico
- Eu joguei fora. Tava vencida.- respondeu ela, sem mostrar o menor arrependimento do ato, e até com uma ponta de orgulho.

Como era possível? Aquelas azeitonas tão verdes...e pretas...e cinzas...e com um caldo amarelo-arroxeado? Abri a porta da geladeira e olhei inconsolável para o lugar que ocupavam. Estava vago. Exatamente ao lado da geléia de Jabuticaba com vencimento de 2006. Nada daquilo fazia mais sentido. Ela, vanguardista da porta da geladeira, não se encontrava mais entre os catchups e a cachaça artesanal. Pensei em jogá-los todos fora, mas aguentei, afinal, um dia eles poderão contar para mais compotas e sachês que tiveram o prazer de conhecer Etti - a azeitona mais roots de todo o reino da geladeira.