quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sobre a Modernidade...

Textículo do meu outro Blog que pode ter a ver com esse. Ou não. Foda-se.
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A ocorrência que levou ao boletim não importa. Foi estúpida demais para que fosse gerado um boletim, inclusive. A questão subsequente foi o registro do B.O.
Boletim de Ocorrência me remete a algo tão poético! Imagino, antes de tudo, aquela delegacia um pouco escura....ou com um poste de luz piscante na frente. Daí você entra. Logo na porta tem um policial meio gordo, coçando a barriga, com cara de poucos amigos. Uma televisão pequena, ligada na Record, muito chiada e com o som distorcido. Depois de você falar um pouco com as paredes, ele olha pra sua cara e diz:

-"O que é que cê precisa?"
-"Fazer um B.O."
-"Primeira porta à esquerda. Preenche a ficha e aguarda pra entregar pro companheiro que está lá agora."

Então você segue num corredor meio úmido. Ouve uns gritos de mulher de malandro numa sala entre repartições de madeira com vidro esfumaçado. Entra na sala, encontra um ventilador funcionando em baixíssima rotação, uma mesa meio estragada e um cara sentado com um cigarro na boca. Ele olha para você com a cara mais blasé que já inventaram e diz:

- Pois não, doutor!
- É aqui que eu pego o formulário pra fazer o B.O.?
- Senta aí e explica que que aconteceu - Puxando o fio da Máquina de Datilografar Elétrica e mirando a tomada sobre as lentes dos óculos de enxergar de perto.
- Então, é que...

Pára, Pára, Pára! Isto é o que se imagina! Isto é como era. Foi. Passado! Agora existe Boletim de Ocorrência On-Line! Sim senhor! Pasmem! Onde estará o glamour decadente da delegacia?

Fato: Adiantou, e muito, a minha vida. Não precisei mover milimetricamente as nádegas do computador para registrar a queixa. Mas sentirei falta deste tal glamour decadente. Não se fazem mais ocorrências como antigamente!

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