segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ah, o Playcenter.

Este post facilmente poderia se chamar "A gente se fode mas se diverte - Versão literal". Mas resolvi dar nome aos bois. Para quem não é de São Paulo, aqui existe desde muito tempo (preguiça de procurar no Google) o Playcenter, parque de diversão grande demais pra ser temporário e pequeno demais para ser fixo. O que interessa é que é dentro da cidade de São Paulo, perto da Marginal Tietê, banhado pelas aromáticas margens do rio de mesmo nome. Houve um bom tempo em que o Playcenter era a menina dos olhos de muita gente que queria ir a um parque de diversões sem ter que se submeter a horas de vôo, ou à vergonha alheia que é o Beto Carreiro e seus piririupiu-piririririupiu.

Atualmente, depois que a mesma empresa abriu o falido Hopi Hari (espero MESMO receber kits-retire-este-post-agora-e-eu-te-faço-hopi-happy), o Play virou um antro. Tem mais arrastão por lá do que em Praia Grande nas férias de Dezembro. É uma pena que as pessoas não saibam fazer um usofruto legal do parque, porque, na medida do possível, ele saciava a vontade de chacoalhar a pança e sentir ânsia de vômito. Eu bem me lembro a primeira vez que fui até famigerado parque de diversões. Tinha 9 anos, ainda morava no interior, e minha mãe saía de uma crise de pânico. Foi uma vitória conseguir ir, de uma vez só:

1) Sozinho em uma excursão;
2) Para São Paulo sem nenhuma referência familiar me segurando pelo pescoço;
3) Para um perigoso e tenebroso parque de diversões;
4) Na "Noite do Terror", que por si só já apavora mães com pânico.

Idiotamente, ao invés de honrar tamanha confiança depositada em mim, me fudi. Gastei todo o dinheiro que tinha até as 2 da tarde indo mil vezes no "Castelo dos Horrores" (ÚNICA atração paga entre 78 brinquedos). Me perdi das pessoas que eu estabeleci um vínculo mínimo de proteção pra não ficar sozinho na excursão, não conseguia lembrar POR NADA o nome do infeliz do coordenador da excursão, e saí na marginal SOZINHO à procura do ônibus. Seis da tarde estava num orelhão ligando à cobrar para minha mãe, chorando de fome, de dor de cabeça e de medo de não achar ninguém. A coitadinha, sem poder fazer nada, começou a dar duplos twists carpados a 250 km de distância de mim, e ligou para todos os parentes que eu tinha aqui em São Paulo pedindo pra me resgatar. Nove horas da noite eu estava em uma sala de "Achados e Perdidos", com o cara anunciando no megafone as minhas não-louváveis características físicas para que alguém do meu ônibus, por sorte, desse falta e me resgatasse. De repente, entre monstros fumando e contando piadas (adorei conhecer os bastidores), entra meu irmão na sala trazendo comida, dinheiro e procurando loucamente o organizador da excursão. Eu não lembro do nome dele até hoje, mas sei que o cara ficou MUITO puto comigo. Atrasei a excursão inteira e ainda fiz todo mundo achar que ele era um puta de um irresposável.

Cheguei no ônibus - o único ainda no estacionamento - com aquela cara de cu de quem atrasou a vida de todo mundo e não estava afim de ouvir gritos de zoação - que seriam inevitáveis. Tudo bem, eu assumo o grau de loserice que eu atingi neste dia. Mas, porra, eu era uma criança idiota do interior. Pra concluir eu acordei lá na minha cidade cheio de espuma de barbear na cara, muito batom na boca, e minha mãe com cara de desespero na porta da escola de idioma.

Por isto que este é o mais literal caso de "A gente se fode, mas se diverte".

Agora começam a pipocar histórias de excursão pro Playcenter na minha cabeça. Depois eu escrevo mais algumas. Prometo!!!

PS: Muitíssimo obrigado pelos comentários. Principalmente daquelas pessoas que eu não conheço pessoalmente! É muito legal ver quão longe pode-se chegar através da internet. Um dia quero conhecer todo mundo. To meio bichinha emotiva hoje. Abraços, obrigado e voltem sempre!

Nenhum comentário: