segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Circozinho

Quando morava no interior, era uma alegria só quando chegava um circo na cidade. Desde a montagem da lona até a divulgação que os produtores faziam na escola, ou mesmo encontrar todo mundo que se conhecia em volta de um picadeiro. Falando nele, descobri com o tempo e muitas apresentações depois que o tamanho do picadeiro é um indicador social de poder econômico do circo. Quanto menor o picadeiro, mais fodido é o circo (no mau sentido).


É claro que a história que eu contaria aqui não seria sobre a apresentação do Cirque du Soleil. Não. Teve uma vez que chegou um circo na cidade, que não teve força nem pra conseguir divulgar nas escolas. O circo era tão falido, mas tão falido, que as cadeiras VIP custavam 5 reais e a arquibancada 2. O picadeiro era tão pequeno que um adulto deitado com braços e pernas esticados à la Homem Vitruviano cobria fácil a loninha.

Fomos eu e duas amigas e, claro, pegamos as cadeiras VIP. Não poderíamos deixar de aproveitar a pechincha. Pra começar que o bilheteiro era o mesmo cara que fazia um espetáculo com uma bicicleta (ó o nível das apresentações), o de passar fogo no corpo (e ele se queimou que a gente viu graças à nossa privilegiada posição no espetáculo) e o globo da morte (que mal comportava uma moto), além de vender pipoca no intervalo. Ou seja né. Era um showman basicamente. O palhaço era MUITO estúpido com as crianças. Tinha a maior caradicu EVER. Chamava as crianças pra fazer brincadeiras com eles e punha apelidos...tipo o coitadinho do menino que tinha uma puta orelha de abano orelhas levemente avantajadas, passou a ser o "Dumbo" pro palhaço. Xingava de chupacabra e xuxamenegheliava com as crianças gritando toda hora. Tava vendo o momento que ia dar um safanão no pédoreia de um moleque desavisado.

Saí daquele circo me sentindo mal. Faltou alguém pra chegar pra eles e falar: Gente, desculpa, faliu. Vai vender chiclete no farol, vai operar bolsa de valores, vai fazer depilação íntima, não sei. Dá um rumo na sua vida, porque ficar aqui jogando malabares pra cima não tá dando mais pra vocês. Tipos pega o Carequinha Pride, guarda na gaveta, e vai fazer outra cousa, porque circo já deu.

Como eu não sou nenhum exorcista, acabar com a magia não é minha especialidade. Deixei o recinto agradecendo pelo espetáculo. Possivelmente o último deles, certamente o MEU último espetáculo circense. Mas deu uma dózinha daquele circo falido...

Um comentário:

Amandita Ferlin disse...

uahuahauhauha!!! eu detesto circo, pq tbm sou do interior e sempre vi coisas macabras acontecerem nos picadeiros! O_O
Mas esse cirquinho decadente aí me lembrou Bug's Life, aquela trupe da "joaninha macho"...
Também pensei na xuxa meneghel.
Sem contar a banda-de-um-homem-só, já que o rapaz da bilheteria era o mesmo homem-que-cospe-fogo, o homem-do-monociclo, o homem-do-globo-da-morte, o homem-berinjela (não resisti)!
Gatinho, boas festas pra você! Que 2010 acerte em cheio os seus anseios!!!
Grande beijo!