terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre a infância e batata-sauté

Ontem estava no ônibus partindo da cidade grande pra pequena. Muito pequena.

Exatamente atrás de mim, dentre os 42 possíveis lugares no ônibus (sem considerar o colo do motorista, claro), duas criancinhas sentaram-se e chutaram meu banco por 4 longas horas enquanto eu lia um milhão de livros que tenho que ler.

Faltando alguns quilômetros pra chegar, eu matei os dois eu comecei a escutar as crianças conversando, ainda com um sotaque cebolinhês. Percebi que eram muito criancinhas MESMO e fiquei me martirizando por ser um velho tão chato. Se tivesse um chicote na mão, me chicoteava.

Mas de repente me encantei por elas! Eram fofas e falavam "puiquê". O irmãozinho falando pra irmã mais nova: "Eu vou complá um calo e tidá!". Ela responde prontamente: "Mas quem vai diligí?". Pensei. Nossa. Como são práticas as crianças de hoje em dia. Tipos...não sei dirigir, meu. Se vai me dar um carro tem que pagar logo um motorista. Aí ele olhou muito fofamente pra mãe e perguntou: "Mãe, se eu der um carro pla ela, você diligi?".

A mãe olha com a maior cara de batata-sauté DO MUNDO e responde:

"Você nunca vai ter dinheiro pra dar um carro pra ninguém."

Ca-ce-te. Juro. Quase levantei e dei naquela vaca. Vai cortar a imaginação da puta que te pariu! Fiquei pensando como os adultos tolhem as crianças por serem velhos demais. Respondi:

"Eu dirijo!"

Fiquei conversando por mais uns 20 minutos com eles e pirando na construção hipotética do mercado automotivo. No fim ele ainda me deu uma Mercedez. Eu que escolhi, claro. Preta.

Como é bom ser criança sem vacas por perto. Preciso lembrar disso quando uma delas começar a chutar meu banco. Sempre.

3 comentários:

Tally M. disse...

cheguei aqui por acaso, por um link em algum lugar do twitter... e fiquei simplesmente encantada com o texto, não podia deixar de dizer! rs

Estrada minha... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Estrada minha... disse...

Ahhh... q lindo Vi!!
Bjus
Kelly