Como outrora prometido vou escrever sobre os dentistas. Ah, os dentistas. Se existem pessoas que nasceram com um sadismo intrínseco são eles. Fantasiados de fadas-dos-dentes, estes excelentíssimos filhos das putas nos provocam torturas dignas de regimes ditatoriais e ainda recebem por isso com um sorriso - irônico e invariavelmente bem cuidado - no rosto.
Eu honestamente acho que tem que ter um pézinho na Alemanha nazista pra querer ser dentista. Aforante todo este aspecto psico-sócio-cultural comum a todos eles, existem alguns aspectos que podem ser que sejam comum a todos, mas eu vou citar baseado em exemplos de minha vida dentária. Começa pela sala de espera. Pode ver que sempre botam lá uma mulher com cara-de-não-queria-estar-aqui-nenfu-mas-meu-marido-não-aguenta-mais-meu-bafo-de-onça, revistas idiotas (porque assim você não se desconcentra com uma boa leitura), e sem exceções, uma porta fina. Se eu fosse dentista ia investir pesado numa porta de madeira de alta qualidade, ou até à prova de sons. Porque aquele barulhinho de motorzinho vai dando um trimilique interno, e as pessoas na sala de espera começam a se entreolhar prevendo a hora que vai chegar sua vez, quase que uma empurrando a outra pra dentro do abatedouro. Péssimo.
Além disso, conclui que dentista é solitário. Ou sem noção, não sei bem. Porque quando você chega no consultório e entra, eles nem te dão bola. Estão todos lá preocupados com os procedimentos, equipamentos, senta aqui, como vai, e não passa disto. Bastou enfiar 3 algodões, um fórceps e aquele caninho de chupar baba, que eles desandam a querer estabelecer diálogos com você. E não, eles não fazem perguntas de "Sim" e "Não":
- Me conta o que aconteceu no seu Carnaval!
Porra. Eu podia ficar meia hora contando tudo. E não existe uma forma de responder monossilabicamente estas perguntas! Pode ver! Volta e meia perguntam coisas tão complexas que você precisava de um psicólogo te acompanhando em terapia pra responder. Do tipo:
- E o que você pretende da vida?
Se enxerga com todo este equipamento supramencionado dentro da sua boca ter que explicar o sentido da sua vida! Peraí né amigo?! Acho que faz parte da tortura isso. Te forçar a questões tão complexas que não possam ser respondidas e te deixem mal por não responder. Ou mal por nem saber o que quer da vida!!!
E as máscaras??? Ah, bendito foi o designer que criou máscaras temáticas. Acho que era pra ser com criança, mas alguns deles usam deliberadamente. É no mínimo traumático ver uma pessoa com cara de palhaço te enfiando o motorzinho na boca.
Sem falar da dor. Quantos dentistas não te disseram já:
-Segura a minha mão (ou da pobre assistente). Se doer, aperta.
Aí naquela hora que dá a fisgada você esmigalha os ossos da mão. Eles invariavelmente respondem:
-Ahhhhh, mas agora não dá pra parar! To quase lá.
Quer dizer né. Então pra que que manda segurar a mão? Segurasse o próprio pinto, que assim aperta e esquece um pouco da dor no dente. Queria que mandasse socar a cara quando sentisse dor. Aí ia ver neguinho parando pra por gaze no nariz sangrando. Seria tão, mas tão mais reconfortante poder devolver a dor de alguma forma. Ou então cravar o dente na teta da dentista pra provar que a dor dói.
Mas pra mim o mais cruel de tudo isto é pagar o dentista. Quase sempre é uma grana que você não tem, por um serviço que te maltratou psicológica e físicamente, você nem enxerga os resultados, e eles sempre soltam um "Obrigado" extremamente receptivo, caloroso e honesto no final. Quantos "enfia no cu" eu já segurei. Só a fada dos dentes sabe.
Não que eu ache bonito a banguelice, nem defenda o pretume dentário. Mas é que Tandy me irrita.
Por isto protocolei pra minha vida: Dentistas, um mal necessário.
terça-feira, 10 de março de 2009
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