quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Querido Diário...

Querido diário...

Hoje, o final do meu dia foi absolutamente esquisito e lhe digo os porquês.


Primeiro eu fui pro ponto de ônibus, e este passou segundos após minha chegada. Subi, consegui lugar para sentar e o trânsito fluía como uma revoada de pássaros no verão. Cheguei em meu destino muito antes do previsível, sem nenhuma velha ter aparecido na condução coletiva para eu ter que dar meu lugar.

Fui ao Pão de Açúcar, que está com tudo mudado: os sabonetes onde eram os cereais, os cereais onde eram os produtos de limpeza, os produtos de limpeza onde ficavam os chás, os chás onde estavam os chocolates e os chocolates onde ficavam as camisinhas de sabores. Levei o tempo que economizei no ônibus - e mais um pouco - pra encontrar a nova localização geográfica dos meus interesses naquele supermercado.

Fui para a fila que, apesar de ter um caixa aberto, apenas, encontrava-se pequena. Além de mim, lá estavam um travesti com peitos postiços de papel higiênico e peruca de Dona Florinda, um bêbado segurando uma garrafa d'água que xavecava inadvertidamente o traveco, CERTO de que era apenas uma mulher de peitos murchos e bobs nos cabelos, um cara que questionava ininterruptamente sobre todas as facetas do Cartão Cliente Mais, e um japonês de olhos verdes (que suspeito que sejam lentes de contato). De normal, naquela fila, só tinha eu. Quer dizer, né.

Paguei e rumei à minha residência. Chegando no prédio, o porteiro me viu e abriu o portão sem ter que interfonar, e o elevador estava no térreo. Já na porta do apartamento, tinha um cachorro dormindo todo serelepe. Tá, não seria estranho se eu não morasse no 5º andar de um prédio. Entrei, guardei as coisas na geladeira, ligo a TV e encontro o Jô Soares anamariabragueando, dando uma receita de comida que incluia carne, linguiça, chantily e creme de barbear.


Como me sinto em um quadro do Dali, neste momento, vou dormir, e acordar esperando um ônibus que demore a passar e chegue lotado, que fique parado no engarrafamento por uma vida, que os shampoos e papéis higiênicos vão para o lugar onde deveriam estar no Pão de Açúcar, que também contará com muitos atendentes e filas homéricas de pessoas comuns, e depois chegar em casa e ter que tocar o interfone até o porteiro me reconhecer como o morador que sou, e o elevador estar no 11º andar, sem cachorros na minha porta, com o Jô entrevistando pessoas sentado em sua cadeira.

Amém.

2 comentários:

batatinha quando nasce disse...

agora misplica como algum ser "dorme todo serelepe"?!!!!

talita disse...

aaahhh!!
saudades de chegar morta de cansaço e encontrar os dois elevadores no 11º (vulgo ÚLTIMO andar)...
esperar que um deles desça, parando nos 9º, 4º e 3º andares... finalmente entrar e descer para o subsolo... voltar ao térreo... parar no 2º e finalmente o famoso e tão esperado 5º andar!
ah!! sem esquecer que a cachorra da vizinha vai morrer de tanto latir qdo passar em frente ao 54... rs!!